13.2.13

inveja do Woody Allen

se  dissesse que passei o carnaval com Woody Allen, te mataria de inveja.
mas acontece que nesse feriadão woodyalesco descobri o que me fascina nesse homem. eu tenho inveja dele, pronto falei. uma puta inveja! - já que o papo aqui ficou honesto. porque será que toda vez que falamos de inveja nos sentimos sinceros?
confesso que tenho inveja da fidelidade que ele tem com ele mesmo. assisti o documentário que o homenageia ainda em vida, e destilando toda aquela parte quando os entrevistados apenas enchem o pijama dele de bolinhas - a sabedoria piritubana é mais forte que eu - conclui, o cabra da peste don't give a shit! -  algumas expressões em inglês as vezes também são muito perfeitas.
ele é rígido  paranoico e judeu, como ele mesmo gosta de retratar como algo pejorativo. mas o cabra da peste, como um mestre, pegou todas as qualidades e características disponíveis do seu si-mesmo dessa existência e fez dessa combinação a sua saída. ficou claro no documentário que ele não é de muito contato, que é muito exigente, mas não fala. imagino uma presença inquietante. mas por outro lado também fica claro que ele não se importa. ele realmente não se importa! você se imagina vivendo assim, tão confiante?
todos nós imaginamos que em algum momento paradisíaco, viveremos livres daquelas características que "todo o mundo" considera pejorativa e seguimos pela existência sem saber ao certo três coisas que mais gostamos na vida. me dê apenas três. não vale meu filho, minha mãe, etc, mas algo seu, intimo que possa de guiar na vida.
pois é, essa é a razão da minha inveja, ele sabe! Nova York, jazz e contar historias. aos 70 ele ainda briga com a mortalidade do homem, acha a vida sem sentido, tem fobia social, e ainda assim, dentro de suas próprias restrições, cria os personagens mais interessantes.
invejo Woody Allen porque ele compreendeu muito cedo que a vida é apenas uma sucessão de eventos sem fim, mas escolheu observá-los de forma detalhada, com toda a sensualidade que a vida tem.
não o invejo como cineasta, invejo a sua clareza em saber o que pode fazer da sua vida.
bem diferente de apenas querer.


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