15.12.12

fim do... whatever

uma das minhas primeiras postagens foi há uma ano atrás com o tema "resoluções de fim de ano". nela especulei um pouco se as resoluções para o fim dos tempos deveriam ser diferentes das outras. bom, o mundo ainda não acabou, mas se tudo correr conforme o combinado o fim chegará em exatamente 6 dias. agora eu me pergunto. devemos fazer resoluções para a próxima vida? será que o Globo Repórter fará uma retrospectiva de toda a existência da humanidade? será o Cid Moreira o apresentador escolhido? dentre o Zeca Camargo,  Faustão ou o Tony Ramos? kkk. afe, é o fim do mundo!
tudo continua igual. minhas amigas gastando nas edições de dezembro que prometem revelações astrológicas de um bom futuro, do tipo, "amiga de escorpião, esse ano será de energias intensas, MAS se você conseguir canalizar sua energia sexual para o bem e não parar na prisão, encontrará seu príncipe encantado e com ele terá relações sexualmente intensas e prosperará " - violência, sexo e escorpião. sério?? é um clichê de fim de ano. e ainda, aquelas curiosas receitas de como perder 5 quilos em uma semana e passar o réveillon dentro daquele vestidinho branco transparentinho, que acentuava as curvas da mulher que seu ex escolheu no réveillon passado para passar o resto da vida. kkkk! e você sofrendo de dores no cotovelo o amaldiçoou aliviada, " não terás mais que um ano de prazer com essa vadia!"
 mesmo com a morte eminente não vejo ninguém interessado na redenção dos pecados tão presente na existência ordinária dos seres desse planeta. onde esse mundo vai parar, ninguém quer ir para o reino dos céus!? o que vejo são pessoas enlouquecidas buscando o abençoado presente na 25 de março, que provavelmente as redimirá dos pecados cometidos durante o ano. tão abençoadas que até hoje acreditam que a 25 de março vende mais barato. ah!, e o mundo vai acabar sem revelar seus segredos. 
pera aí, o mundo vai acabar sem o Iphuck? como assim!
te vejo no dia 22 e assim por diante...

15.11.12

the darkness is your divinity

da disputa nervosa entre o meu aspirador e a Acid Queen, deu-se inicio no meu malucador maluco uma sequencia de pensamentos de mesma ordem. lembrei-me do comentário da minha amiga mais perigosa, quando ouviu pela primeira vez as faixas dos discos que justificaram o titulo de Queen of Rock'n Roll, "nervosa ela!", identificada com a potencia na voz de Tina Turner. "é claro, ela apanhava do marido", justifiquei.  
mas acontece que tenho lidado ultimamente com pessoas com sérias dificuldades em expressar o ódio, ou até mesmo a raiva, de outra forma que não seja nelas mesmas. 
me parece que em algum momento do final do seculo passado resolvemos não dizer "não", pra tudo. assim o não deixou de existir dando lugar ao "tudo é permitido" e principalmente ao famoso, "não há mal nenhum". e assim cindimos todos, à la Michael Jackson, para Neverland.
 se o mal não pode existir, o ódio que existe dentro de mim também não, assim não devo lutar contra nada e portanto não há nada a que se libertar. esse fenômeno invadiu os lares e ninguém mais diz "não" aos seus rebentos; já que não passam muito tempo juntos, já que isso é responsabilidade da escola, já que o pai casou-se novamente com uma gostosa e com ela teve outros filhos e vive aparentemente mais feliz, já que foram criados na base da porrada e hoje são frustrados, e assim por diante. quando esses jovens chegam na fase do "grande NÂO", na adolescência, se deparam com os mesmos argumentos; já que a mãe se esfola toda para dar tudo e nunca dizer não, já que o pai trocou a mãe por uma gostosa e com ela teve filhos mais interessantes, já que os dois gastam tanto na escola mais cool da cidade, já que eles são um casal tão bacana e não se separaram... já que eles não têm nada para odiar acabam odiando a si mesmos, por sentirem ódio.
 todo pai que se presa em algum momento deve suportar ser odiado pelos filhos. esse ódio só pode ser posto em alguém que nos ama, que ama também aquilo que odiamos em nós mesmos. para ser transformado, o ódio precisa existir. para isso alguém tem que atuar nesse papel e fazer valer a liberdade. liberdade aqui significa ter tudo o que lhe pertence, também a tristeza, a raiva, a dor, as angustias que nos transformam. liberdade é poder escolher o que fazer com cada parte e com tudo o que é. a Acid Queen superou seu agressor quando se apropriou da própria agressividade; saiu em carreira solo, verdadeiramente autônoma, o que lhe rendeu uma maravilhosa presença de espirito.
 isso me fez lembrar de um comentário de um outro amigo meu, o mais paciente de todos, "the darkness is your divinity". cada um tem sua porção de ódio e trevas, e para cada um existe um container, ou ator.  MJ  não pôde dar uma banana merecida ao seu agressor para se tornar o negro talentoso que a humanidade necessitava na época. cindiu para Neverland, negando a existência do mal, transformando sua aparência em algo bem diferente da sua origem, do seu pai. sua identidade foi tão confusa quanto sua existência.
infelizmente a  manobra de MJ é mais comum hoje dia. 
aquele que nunca "ouviu não" fica sem limites, desesperado, sem lugar para o lado negro e impossibilitado de integração.  
sem o "não", não existimos, não há liberdade. sem darkness não há divinity, nada a integrar, nada faz sentido.
"Those beings who have no soul, have no shadow." ... e assim é.


19.9.12

o dia em que choveu

 juro que senti um vento gostoso que trazia um cheiro de chuva. juro que vi mais de três gotas caírem no pára-brisa do meu carro. eu juro! cadê o cara do aquecimento global? nesse momento imagino-o desfrutando dum spa de águas, nadando no dinheiro que investiu muito bem quando percebeu que não seria presidente dos estados unidos e criou a incrível ideia de que nós, seres ordinários, poderíamos salvar um planeta apenas mudando nossos hábitos ordinários. prepotência nossa! mas que esse calor nos aproxima, ah isso é verdade. tanto tempo sem chover e nem precisamos mais falar a palavra que está "na boca" de todos, basta um ventinho e já estamos íntimos de qualquer cidadão. "será que hoje vai?" e ele responde "num sei não, nem acredito mais". mas como dizer pruma nação sedenta, suada e cansada, pois nem ar tem pra respirar, não usar água?
Al Gore querido ouça nossas preces, daqui desse pais de "segundo mundo" mais conhecido como limbo em todos os sentidos, num dá pra salvar um planeta! se ele quiser aquecer ele aquece, se quiser esfriar também. ta pouco se importando com as eleições, bolha econômica, ascensão e assim por diante.
eu sinto muito por todos que acreditaram em você e espero que daqui pra frente meus conterrâneos não se importem tanto. nos tornarmos conscientes de que vivemos num planeta é uma coisa, pensar que o controlamos é outra. diante da expressão da natureza pra onde um for, vão todos! somos todos iguais e sem culpa.
e viva eu, viva tu, viva o rabo do tatu.

23.8.12

três saias e uma calça

estava agora mesmo assistindo o saia justa, onde três saias e uma calça discutiam a respeito da separação de casais. como já disse, quase nunca assisto televisão, talvez porque seja impossível me ater ao tema sem desviar para a roupa, postura e trejeitos dos apresentadores. meus amigos se irritam com meus comentários do tipo "esse cabelo não é dela!", ou "onde foi que o William Bonner arrumou essa gravata". acontece que ali estavam mulheres que eu já vi outras vezes mais gordas, mas todas emagreceram. as que já eram magras ainda mais! uma magreza bonita, beleza dessas pós-moderna de corpos de boneca.
mas acontece que o Léo estava ali no meio delas, em forma de poita e sem respirar. esse corpo sim, me chamou ainda mais a atenção. terapeuta corporal é um bando de louco! - como diria o Corinthiano.
"meu deus! o que está acontecendo com esse homem"? - pensei em voz alta (deve ser esse o meu defeito).
mas essa impressão me serviu para para ouvi-lo de verdade. e então percebi, que na inconstância histérica e  estética das mulheres ele era o mais real. percebi que com aquela massa inflada, que nos remete à um bebê de um ano e pouco, ele defendia sua hipersensibilidade. suas palavras vinham de um lugar muito conhecido pra ele, diferente das suposições histéricas, "mas e se...". vinham de um lugar de conclusões, da sabedoria que só existe naquele que sente, logo compreende. bem diferente do conhecimento, que hoje é quase uma maquiagem obrigatória para todos os histéricos.
que pena ele não poder exercer essa sabedoria numa forma-adulto. ser sexy, inteligente E SENSÍVEL! Eita que não tinha pra ninguém. e vai Corinthian!

16.8.12

sou um dinossauro moderninho

"não, não é um programa brasileiro, hackers vivem em outra dimensão!", respondi ao amigo estrangeiro que acompanhava. acontece que estávamos numas dessas mega livrarias que vendem de tudo, desde os best-sellers  com os temas mais moderninhos, passando por televisões, que como diria a sabedoria piritubana "faz de um tudo! fala até a hora da morte", até os compact discs com músicas dentro. pois é, o velho CD. e não é que era justamente essa a razão da nossa visita? fiquei intrigada, pois eu mesma fui considerada um dinossauro alienado quando me apresentaram o groove shark - meus amigos não têm muita paciência comigo. mas não foi isso o que me chocou. foi o voice over na minha mente quando disse "em outra dimensão". claro que o que aconteceu na minha mente não podia ser expresso ali na presença do meu, digamos, ingenuo colega, que também sofreu um impacto com tamanha revelação de abundancia. diferente de mim, ele não se conteve e revelou sua indignação. "se não comprarmos os músicos viverão de que"?  "levantar o bundinha do sofá e fazer shows", disse eu, certa de que o havia convencido e ingenuamente me esquecendo que sua origem é bem famosa pela rigidez. mas não é esse o caso. se soubesse como fazer dinheiro com a internet estaria milionária, mas sou um dinossauro que consome internet como ferramenta de escolha. muito do que escolho são músicos, diretores, autores, que nunca teriam chance sem ela. nessa dimensão sem fronteiras tudo está disponível já que ninguém é dono de nada além da própria expressão. para mim esse universo infinito é análogo aos nossos potenciais. fomos nós quem a criamos para justamente quebrar os conceitos pragmáticos de sucesso e finalmente termos poder de escolha e uma existência digna de seres criativos. todos somos criativos e interessantes, e chega da ilusão de que apenas um estadio cheio é sinônimo de sucesso! um musico da época dos dinossauros como eu, tem a escolha de reclamar por milhares de pessoas ouvirem suas musicas sem pagar. mas hoje existe um publico que não é subestimado por uma gravadora, editora e todas as outras formas jurássicas de fazer sucesso, e que sua principal característica é a falta de culpa em receber tudo isso. todos nós tivemos que nos adaptar a tamanha oferta e hoje acho que merecemos muito mais! mas negar a abundancia de diferentes expressões como se isso fosse coisa do demo ou imoral é negar a si a expressão dos próprios potenciais e principalmente, negar a existência de um lugar livre dos conceitos de tempo-espaço. somos seres interdimensionais!

27.7.12

papo de salão

- sou contra a retirada dos uniformes nas escolas. acho que todo mundo deveria ser igual! bradou a senhora pra lá de meia idade que os dedos grossos não escondiam as muitas louças e uniformes que lavou. dedos de mãe boa demais, sabe comé?
- eles vestem as roupas que querem e depois sofrem bullying. completou, esbanjando conhecimento.
- hoje vou depilar minhas pernas! foi o que a filha da profissional disse ao chegar em casa da escola, após ter sua saia plissada do uniforme levantada por um dos coleguinhas.
-eu odiava saia plissada! mesmo no frio tínhamos que usar, era uma exigência das freiras. comentou a empresaria de corpanzil e vestidinho. e completa:
-até na educação física era saia plissada branca...
- mas com o shortinho por baixo!! bradaram todas em uníssono, como se o shortinho de baixo fosse uma proteção à santa castidade.
intrigada e louca para participar perguntei: 
- mas num colégio apenas para mulheres, quem as meninas haveriam de provocar?
a atmosfera pesou. na minha cabeça, e acredito que na delas também, passavam cenas de freiras pervertidas à la Almodóvar.
mas acontece que sempre odiei uniformes. passei anos da minha vida enfiada num cor-de-beterraba desfilando a moral e os bons costumes de um colégio bacaninha da cidade. eu e mais de dez mil criaturas que passaram por lá. penso se todos eles foram traumatizados como eu. sempre fui miúda, magrela, sem peito, sem nada. nem o cabelo eu podia esbanjar. era uma beterraba como outra qualquer. 
arrancar uma das listras brancas da calça do uniforme era uma rebeldia. se tirasse as duas então, era um ato considerado punk. uma beterraba punk! para mim, na minha adolescência, ter que usar uniforme era bullying institucional!
todo esse trauma resultou no meu ser um verdadeiro pavor ao comum, ao igual. uniforme pra mim é um insulto a individualidade, algo que diz mais sobre você, do que você mesmo. agora imagine a igualdade cor-de-beterraba. entendeu agora?


fofoca de salão:
 claro que a senhora anti-bullying esmaltou suas vinte unhas com um branquinho virginal. imagina se ela usaria o escarlate "cansei de ser santa" ou o ousado "beijinho no escuro".

10.7.12

amor, love, lieben, elsker, amore, liefde, amour...

ah! mente maluca... resolveu agora descobrir de onde vem o amor? pois é,  mas quem foi o primeiro sujeito que sentiu amor, podemos chamá-lo de inventor? será que ele teve que explicar para alguém ou apresentar numa banca como um conceito dessas teses cientificas que tentam catalogar a humanidade e controlar tudo? é possível ensinar o amor? não me parece uma coisa assim... é invisível, imensurável e principalmente, não é mental ! mas então como sabemos que existe? ah! pobre mente! não está satisfeita com todo o poder que lhe foi dado?
será energia?
amor se aprende apenas sentindo. apenas através da experiencia. se inventado pela mente é sentimentalismo. amor não é energia, mas atrai muita energia. quando amamos esquecemos daquelas horas de sono" necessárias", a vida fica leve, todos os seres são lindos, inclusive Eu. quando amamos tudo é possivel.  expressamos amor muitas vezes através do sexo, que não deveria ser mental, mas muitas vezes é... performático. mas se não podes vê-lo e muito menos controlá-lo, porque o buscas? porque é mais fácil amar o seu cão à si mesmo? se ele vem de dentro de ti, porque procuras no outro?
BANG!  e com todo esse diálogo louco me pus a imaginar...  o que seria do mundo sem amor...
...um tédio feito por engenheiros. imagino eu!




3.7.12

normal é viver em estado de graça

após o meu dia de graça a vida seguiu como de costume...  minha mente gritando ordens e criando conflitos, inclusive ordenando que eu escrevesse aqui, já que há algum tempo não o faço. mas como detesto ser comandada e adquiri o costume salutar de questionar todas as ordens da minha mente, não o fiz. chega a ser cômico os argumentos da minha mente, ela chega até a apelar para o patético e infantil "porque sim", retrucando os meus incansáveis "porquês". o habito da escolha demanda muito esforço voluntário pois a mente sempre nos dá muitas opções de resultado para a mesma ação e, pior de tudo! damos muita importância para o que ela diz.
os dias não foram mais como aquele mas a sensação permaneceu, o que me dá ainda mais poder de escolha, já que existi um dia inteirinho sem a tagarelice dela. e agora posso dizer de um lugar absoluto dentro de mim que "isso não é normal"! com tudo isso algo muito sincrônico aconteceu. aquele sábio amigo meu me disse "o estado de graça é o estado normal do ser" e completa, "foram muitas e muitas vidas, todas ensinando várias maneiras de não se amar, não confiar em si mesmo, de temer o poder do outro e até mesmo seu próprio poder, aprendendo a se fechar. Isso é anormal"!
pois é, continuo sem saber de onde veio aquela sensação e confesso que gostaria muito de descobrir como voltar a ela. por enquanto prefiro pensar que aquilo foi um presente vindo de uma parte maior em mim, da minha porção sábia, apenas para me mostrar que é possível fluir. 
achei sincrônico pois antes de falar sobre o meu dia de graça tive vontade de falar sobre o "normal", sobre as crianças. e isso agora me fez pensar. será que quando crianças vivíamos nesse estado? será tudo isso uma grande volta para chegar a um estado perdido?

16.6.12

Dia de graça

o ultimo dia 11 foi um dia maravilhoso mas não aconteceu nada de especial. é possível isso? pois pela experiencia que tive posso afirmar que sim. o dia começou como outro qualquer, apenas no final da tarde me dei conta que havia fluido pelo dia até então. é difícil descrever a sensação, a unica coisa que se aproxima é "tudo está bem". e assim foi. flui pela vida durante 24 horas totalmente energizada. tudo o que tinha me bastava. tudo o que eu sou me bastava. pensei em compartilhar essa experiencia aqui mas não era possível descreve-la. acontece que duas amigas tiveram experiencias semelhantes. uma no mesmo dia e outra no dia seguinte. essas series de eventos de mesma natureza são para mim algo fascinante justamente quando se apresentam assim, como um fenômeno misterioso. e quando assim se dá, percebo que não posso controlar nada com minha mente maluca que deseja entender tudo. simplesmente deixo acontecer. no dia seguinte a sensação já não era a mesma, ou melhor, era a mesma de todos os outros dias ordinários. mas apenas hoje compreendi a razão do tamanho bem-estar daquele dia. foi na cozinha, de frente para geladeira quando me dei conta de quantos conflitos aconteciam por segundo dentro de mim. "faço isso agora ou depois", "tenho que", "preciso de ", e assim por diante. na mesma fração de segundos percebi quantas decisões nos propomos a tomar durante todo o dia, e então BUM! era isso! foi exatamente isso que não aconteceu naquele dia. não havia duvidas, portanto, nenhum conflito. eu me senti em plena segurança e de plena posse da energia requerida para fazer tudo o que eu deveria fazer. não havia controle, simplesmente era e ponto. o alivio do "nada importa". já tive experiencias como essa que duraram não mais que minutos e fazem toda a diferença na minha vida, mas o dia inteiro me trouxe a certeza que é possível expandir essa sensação para toda a existência. que a plenitude existe sim mas é impossível descrevê-la. que realmente podemos fluir e apenas Ser, pois de alguma forma sabemos que assim a vida deve ser, cheia de certezas mas nunca levada a serio. percebi o quanto somos inundados por esses pop-ups decisivos. o quanto nos parece que a vida é feita apenas deles. um tormento!
não sei a causa desse fenômeno mas não importa...

30.5.12

você prefere normal ou especial?

é impossível não ver as manchetes das revistas dispostas estrategicamente para evitar o tédio quando na lenta fila do caixa do supermercado. dessa forma fico sabendo de tudo! superficialmente, é claro. a verdade é que tenho uma enorme preguiça de me "aprofundar" mas acontece que uma delas me chamou a atenção. era Julia Roberts, na capa de uma dessas revistas americanas, emoldurada por letrinhas miúdas que diziam coisas do tipo, "J.R abre o jogo para a revista tal" e depois, "...e nos fala como criar filhos normais"??!!
gente, ela sabe! - pensei ironicamente. dei muitas risadas com os pensamentos que invadiram minha mente naquele momento. queria ser a filha da dita cuja pra ter a honra de saber o que é ser normal. 
 tem chamado minha atenção a forma como se educam as crianças hoje em dia. estou naquela fase que quase todos os amigos já têm filhos e todos são deslumbrados com suas criações. mas percebo uma intensidade diferente. parece que não falam apenas de crianças e as vezes sinto que os pequenos pensam o mesmo! estamos vivendo numa época de uma sociedade voltada para o prazer, para o consumo e muitas possibilidades. numa época onde a responsabilidade pode ser transferida à uma instituição mediante pagamento, nos restando apenas a diversão. tão deslumbrados que estamos com tudo isso acabamos nos esquecendo que crianças, são ainda crianças! tudo aconteceu muito rápido para nós, mas é obvio que seu filho sabe como mexer no iPad. pra ele não é uma novidade diferente de quando vimos o Atari. mas a intensidade da resposta que esperamos deles me espanta. tratamo-os como genios estimulando-os para que cresçam cada vez mais rápido . crianças de 6 anos hoje têm mais horas de escola que seus pais. parece que gostamos de criança quando na verdade projetamos neles nossa ansiedade de ver logo o resultado da criação. meio uma vingança desmedida contra os próprios pais. "vou te mostrar o que é ser um bom pai"!  mas uma criança não pode se sentir especial apenas porque você gasta na melhor escola para um ser de 1 ano, nas festinhas, nas roupinhas, nos brinquedos, no carro que você se preocupou em comprar para ter mais segurança pra ele... no status que essa criança deve manter. ela não quer nada disso! tudo no mundo pra ela é novidade e gostoso desde que esteja com seus pais e que esses a amem. isso é normal para uma criança, todo o resto é especial apenas para o adulto. lembre-se que nossos pais não perderam a oportunidade de nos cobrar todo o investimento. e como vejo que não perdemos o habito de imitar, apenas mudamos os brinquedos, me assusto com o tamanho da responsabilidade dessas crianças.
 com certeza minha mãe não sabia o segredo da J.R e hoje vejo que evoluímos muito nos tratamentos moderninhos de diagnósticos de hiperatividade, ansiedade, insonia e depressão infantis. uma criança tão especial assim nenhum pai quer, não é? 

23.5.12

suicidal tendencies

- ce acha que eu preciso de terapia?
- demorô!
- essa semana quase me joguei da ponte JK.
- faz assim, se a terapia não der certo, eu te empurro!
desde o dia que ouvi esse dialogo tragicômico deu-se inicio uma serie de eventos de mesma natureza, como é comum na minha existência. nesse caso, da natureza do suicídio. ao contrario do que se possa imaginar não foi no consultório, mas acontece que esses eventos em serie me despertam para algo que pode estar acontecendo em vários universos particulares. como é de minha natureza juntar alhos com bugalhos vou tentar descrever aqui a serie de eventos que ocorreram na minha mente maluca, que busca sempre um porque pra tudo.
costumo sempre dizer "o que há de errado com o mediano"? cada um com seu conceito mas confesse, o conceito de uma vida plena não tem nada de mediano. poucos são os que vivem sem a sensação de ser especial e a fantasia de algum dia ser reconhecido por grandes feitos. se não for isso, então não vale a pena viver! mas na minha experiencia percebi que a intensidade que buscamos no futuro é justamente aquela que projetamos no passado. sim, projetada no passado! porque dificilmente podemos nos imaginar grandes e poderosos sem aquelas imagens sofridas de abandono, rejeição, abuso e negligencia do passado. acontece que essas imagens foram intensificadas na época, e o são até hoje, para que não desistíssemos de viver ou, de pelo menos tentar. acontece que quando adultos percebemos que a existência não é tão intensa como nos contos pessoais. daí seguimos reeditando-os, com toda a criatividade que acreditamos não ter, até a exaustão. até que não faça mais sentido. quando o cabra está pronto para desistir, encontra o meio, o mediano, o ordinário, o medíocre. a vida sem a potencia fantástica e principalmente sem a recompensa por anos de sofrimento. esse cabra tem a clareza que o futuro não reserva nada daquilo que imaginava pra si. o cabra não tem escolha se não "desintensificar" seu passado. abrir mão daquela autobiografia de dor que o faz tão especial, e aceitar que é mediano. num processo terapêutico isso se dá no inicio com a imagem dos pais, quando esses são super-poderosos e sagrados. no suicídio o individuo está em contato direto com a própria verdade. entendo então que esse evento o coloca de frente para si mesmo, com aquilo que sempre tentou entender e que nesse momento, faz todo o sentido. é a plenitude em si! então ele pode decidir , viver o alivio de uma existência comum ou abrir mão da oportunidade de escrever uma  nova autobiografia... de escolhas.

15.5.12

a mente não é de confiança

experimente a palavra descanso deixando sua mente trazer as imagens livremente ... deitar na cama no meio da tarde, meditar, depressão, se jogar no sofá na frente do emburrecedor, dormir, academia, paz, bem-sucedido, não pensar em nada, vácuo, vazio, tédio, invalidez, praia, aposentadoria, sexo, vinho, casa-própria, bem-estar, férias, paraíso, virgens. opa, virgens! quem quer ficar no meio de virgens? pois é, a mente prega essas peças. mas tudo isso e muito mais ela é capaz de fazer com uma simples palavra. sua mente, seu carrasco. para cada ação, um conflito de imagens. então para não dar confusão, criamos conceitos que nada mais são que todas as imagens num mesmo arquivo. e cada um tem um conceito diferente sobre tudo sempre baseado nas próprias experiencias. o pensamento gera sensações, as sensações geram o comportamento e esse cria a realidade.
vivemos a semana esperando o conceito final-de-semana e no domingo a noite vem aquela angustia que dá todo o colorido da  próxima semana, acompanhada da trilha sonora do Fantástico. angustia porque quando olhamos pro final de semana percebemos que nele não encontramos nada de especial. não recebemos nenhuma recompensa pelos dia de sofrimento do conceito de trabalho, e por conta disso a próxima semana só pode prometer o mesmo. mas se pensamos que nunca realizamos nada porque então dizemos "não tenho tempo para nada", do que tanto nos ocupamos afinal. percebo que nos ocupamos de ocupar a vida para evitar que o N-A-D-A, a invada. agora experimente o conceito do nada e perceba a angustia que existe nele.
fica parecido com a paz eterna que tanto nos aterroriza. descanso para mim não é o mesmo que para você. da mesma forma que não fazer nada está longe de significar descanso pra mim. quando ouvimos uma necessidade ela se transforma em vontade e só então podemos realizar algo. realizar é uma conquista pessoal e intransferível ! agora experimente o conceito de conquista...eita peste! aposto que sua mente quer conquistar o mundo. é por isso que tanto evitamos os próprios desejos. eles parecem impossíveis! a vida fica cansativa quando feita apenas de conquistas a longo prazo, de mega-conquistas. a vontade é bem mais forte que a mente. faça-a de escrava forçando-a realizar seus desejos. comece do mais simples e não permita que ela subtraia o prazer da realização dizendo que seu desejo é tolo. aproveite e diga que ela é uma chata!

4.5.12

linhas cruzadas

visitei meu próprio blog muitas vezes essa semana intentando escrever, e nada. "as ideias não conjuminavam", como diria o outro. mas uma conversa ao celular daqui, outra no skype dali,  eis que surgiu um cruzamento de linha.
"a cabeça vai bem mas o corpo..." diz ela respondendo àquela velha pergunta de bom-tom que inicia todas as conversas ordinárias, ainda no escritório atormentada por seus relatórios, me mostrando através da câmera uma garrafa de vinho a 1/4 de ser reciclada, tentando me fazer inveja. corta. 

 "eu também estou entediada. agora mesmo estava arrumando briga no facebook" respondeu a outra ao telefone. "passei por uma onda de trabalho tão grande esses últimos dois meses e agora não sei o que fazer"! e completa, "acho que sou workaholic"! confessando-me o que disse, aos prantos, para o terapeuta. corta.

"ta tudo bem, mas acho que estou cansada. estou indo para um evento fora da cidade, hoje tenho um jantar não sei onde com não sei quem, amanhã almoço não sei onde... e domingo tenho que jantar com minha mãe (em outra cidade). acho que estou sentindo saudades da minha casa"? disse a terceira ao telefone. corta.

volta a cena pra essa que vos escreve, que de tudo isso constata, não sabemos descansar! 
me remeteu a mãe suficientemente boa do Winnicott. aquela que percebe que o filho quando irritado, perturbado e agressivo, apenas precisa de descanso. aquele soninho da tarde ou a hora de encerrar o dia, com a garantia amorosa de acordar para um outro. as vezes até a saudade da própria casa, devido a uma eventualidade do mundo adulto. essa mãe nos serve, no inicio, para nomear as sensações e emoções além de direciona-las de forma que essa energia seja poupada para o dia seguinte com a famosa sentença, "agora chega! amanhã você brinca mais".
 todas essas funções são aprendidas, não são inatas como as instintivas. quando crianças entendemos que dormir é perder tudo! 
 para nós hoje, o descanso deve ser merecido. para merece-lo entendemos que devemos passar por grandes períodos de desgaste físico e emocional, ou seja, descansamos apenas num estado de esgotamento. mas percebi outra  coisa dessa conversa entre quatro amigas, que temos algo em comum. hoje não temos exatamente um "problema" mas esse "espaço do descanso não-merecido" pode muito bem ser ocupado por novas questões, descabidas é claro! apenas para preencher. e o "espaço vazio" também é outra angustia que devemos aprender a lidar... mas isso fica pra outra hora. 
vou descansar agora, e o farei muito grata por essas três amigas.
boa noite! a la Cid Moreira






24.4.12

A Incrível Fabrica de eus

 esse eu que vos escreve é apenas um dos eus que constituem a minha presença integral. e não foi ele quem deu a ideia do que vou escrever aqui mas um outro, que percebeu que para cada situação criamos um eu diferente, ou melhor, que temos um eu-especialista para cada situação. meu eu psicoterapeuta vive falando em integração e é cheio de conceitos criados por teorias dos eus-acadêmicos do passado. mas um outro eu apareceu dizendo "e eu"? depois outro e outro, até que percebi serem muitos. então em minha presença se deu o processo de compreensão; o que chamamos reconhecimento, é a vontade de sermos vistos por inteiro, como o Tudo o que é.  como se o Todo fosse 3D e seus aspectos 2D, sem profundidade. como quando nos olhamos no espelho.
usamos um eu para cada situação e exigimos que os outros, também "vestidos" de um eu-especifico para a ocasião, nos reconheçam por inteiro. criamos eus desde pequenos. um eu pra mamãe, um eu pro  papai, outro pra tia da escola... mais tarde um eu-engenheiro, eu-pai, eu-empresario, eu-intelectual, eu-boa-de-cama, eu-boa-esposa e assim por diante.
inicialmente eles são criados para servir O Todo, especialmente para a sobrevivência. quando bebes fazemos barulhinhos com a boca e percebemos que isso encanta a mamãe, o que nos gera grandes benefícios. pode-se imaginar que aí começa o grande empreendimento da Incrível Fabrica de Eus para Agradar.
 falar de integração é fácil se pensarmos apenas nos conceitos de mente, corpo e alma. integrar infinitos aspectos não dá nem pra imaginar! hoje mesmo, enquanto escrevo, tem uma legião deles. são muitos e nem são todos! mas cada um deles tem em si a mesma necessidade, ser reconhecido.  os mais engajados na luta são o eu-medo, o eu-vergonha, o eu-não-sou-capaz e o eu-tristeza. esses são os caras que roubam a cena em diversas situações e sempre dão um jeito de se expressar. nessa incrível fabrica eles viraram uma especie de resíduo que acaba retornando como matéria-prima, adulterando o produto final. e assim segue, um Todo feito de doenças e incapacidades com "um toque de lavanda", que tenta desesperadamente mudar o rotulo, a embalagem e o slogan da campanha para apenas, e novamente, não ir à falência.
esse assunto dá pano pra manga, tanto que me pergunto se para cada "eu-bom" existe um resíduo.
o que poderia dizer dessa metáfora... é necessário encontrar um eu diretor para essa fabrica. um eu com a função de lembrar a todos que fazem parte de um Todo. que os reconheça pelo nome e função e saiba em que momento do processo eles são indispensáveis. para lembra-los que nessa fabrica não há resíduos pois tudo é parte de um grande processo de transformação. esse eu-diretor deve ser eleito pela maioria ou, por aqueles conscientes de que o produto final de hoje, não é o melhor que podem fazer. a integração então se dá  na aceitação das funções de cada parte. cada uma com o mesmo objetivo, Renata's Best Existence Corporate. 
 menos boring que aquela ideia de integração, "ser sempre a mesma em qualquer situação".e bem menos expectativas que alguém 2D, me reconheça.




Um conto sobre hipnose

"Certo conto oriental fala de um riquíssimo mago que tinha numerosos rebanhos de carneiros. Esse mago era muito avaro. Não queria tomar ao seu serviço pastores e não queria igualmente por cerca ao redor dos campos onde seus carneiros pastavam. Os carneiros extraviavam-se na floresta, caiam nas ravinas, perdiam-se e , acima de tudo, fugiam à aproximação do mago pois sabiam que este pretendia tirar a carne e a pele deles. E os carneiros não gostavam disso.
"Afinal o mago encontrou o remédio. Hipnotizou os carneiros e sugeriu-lhes, antes de mais nada, que eram imortais e que o fato de serem esfolados não lhes podia causar mal nenhum, ao contrario, esse tratamento era excelente para eles e até agradável; em seguida, o mago sugeriu-lhes que era um bom pastor, que gostava muito do seu rebanho, que estava pronto para qualquer sacrifício por ele; enfim, sugeriu-lhes que, se alguma coisa fosse suceder a eles, isso não aconteceria, em caso algum, agora, hoje e que por conseguinte, não tinham que se atormentar. Depois do que, o mago meteu na cabeça dos carneiros que não eram, em absoluto, carneiros; a alguns até sugeriu que eram leões, a outros, que eram águias, a outros ainda, que eram homens ou magos.
"Feito isso os carneiros não lhe causaram mais aborrecimentos nem inquietações. Não fugiam nunca mais, aguardando, ao contrario, com serenidade, o instante em que o mago os tosquiava e degolava."

Ouspensky, P.D  Fragmentos de um Ensinamento Desconhecido editora pensamento.

19.4.12

papo de guru

pensando novamente naquele novo produto que criamos, viver no presente, me veio à mente os gurus, sei lá, talvez porque eu os associe com o tema.... o mundo está cheio deles atualmente e eu mesma devo confessar que já segui alguns. acontece que sempre criamos coisas para  nós mesmos superarmos. criamos algo e no mesmo instante acreditamos ser incapazes de alcançar sozinho, tamanha é a fé em si mesmo. então criamos o guru. claro que a imagem e semelhança ... de deus? não! da mente. as emoções que temos hoje são basicamente criadas por ela. a mente é uma péssima imitadora dos sentimentos da alma e para isso faz uso das memorias de infância, dramas e traumas, deixando-nos sempre infantis e fracos. sem alma! o tema viver no presente também foi criado pela mente para controlar a própria desorientação. a mente quer controlar cada dimensão de nós, corpo e alma, tentando entender "onde estamos no momento".  tão tola que perde o fascínio de viver em varias dimensões ao mesmo tempo. perde a chance de viver fora do tempo. ela diz que tal hora estaremos cansados, que tal hora sentiremos fome, que hamburger  faz mal e assim por diante. então pensamos que nunca vivemos no presente. pensar no que vai comer na hora do almoço as oito da manhã, não quer dizer que não vivemos no presente, isso é culpa! mas isso ela vai dizer também, e lá vamos nós em busca de um guru. pra alma não existe tempo! ela come hamburger no café da manhã e almoça sopa num dia de calor. a alma não tem conceitos, mas experimente dizer isso pra sua mente, loucura!
 criamos jesus, que na minha opinião hoje é mais um conceito que um homem rebelde, e da mesma forma criamos satanás. esse nunca existiu verdadeiramente, o mais próximo que conheço foi Aleister Crowley (risos). um representa a existência com a alma e o outro a vida sem ela. claro que não é o caso de Crowley que desfilava com sua alma pelo mundo para o assombro das mentes desalmadas de sua época.
adoro quando Nietzsche desvenda todo o marketing feito pela igreja para suprir a necessidade de um guru  criada na época. Ele diz mais ou menos assim: "para que o amor seja possível, deus deve ser uma pessoa; para que os instintos mais baixos possam se expandir é necessário que o deus seja jovem. para o fervor das mulheres poe-se em primeiro plano um belo santo; para o fervor dos homens, uma virgem..." "para que o bárbaro pudesse lutar contra algo sem se envergonhar e justificar seu sofrimento, criou-se o diabo". parece que nessa época o tema era  conter a excitação.
mas o que nos levou a criar a necessidade de viver no presente, qual é a roupagem do guru contemporâneo? na minha mente tola veio a imagem de um lama tibetano pra eu imitar, mas minha alma me diz que é a vontade de ser eu mesma, de estar sempre satisfeita com o que sou. de ter a flexibilidade inquebrável de um bambu que nuca perde seu centro mesmo nas maiores tempestades. o desejo de não temer meus sentimentos e sensações mas confiar neles. ela também diz  "não há ninguém que possa Ser você".

11.4.12

encontro com a essência

 é até um cliché o tanto que nós psicoterapeutas adoramos guiar nossos clientes para as experiencias do passado. mas acontece que muitas vezes o próprio cliente já associa algo atual com um acontecimento da infância sobrando para os psis apenas "tá, isso eu sei. mas como eu faço para sair disso"? muitas vezes um padrão de relacionamento é tantas vezes repetido quanto citado nas sessões e é possível ver no cliente uma aura de tédio. "não aguento mais falar disso" ou "sinto que não saio do lugar".
 a criança interior é um tema comumente encontrado nas diversas abordagens da Psicanálise e das Psicoterapias. após confrontarmos nossos pais só nos resta ir ao encontro dela para finalmente criá-la da forma que merece! a empatia que um terapeuta deve ter por um caso é justamente por essa criança e deve ter como meta mostrá-la para seu cliente. o processo terapêutico então passa a ser uma relação não-linear com a vida. trazemos o passado para ser curado, para a consciência de que hoje podemos fazer melhor por nós mesmos. um bom futuro é o passado curado. quando o cliente sair pra vida com sua criança nos braços talvez nunca mais retorne a terapia.
mas não gosto dos slogans "resgatando a criança interior". não sei, me soa meio dramático cheio de conceitos de abandono e rejeição que nos levam de volta para os pais. detesto a palavra resgate nesse contexto pois na minha experiencia pessoal compreendi que fizemos um contrato com ela. deixamos nossa criança com a função de preservar o que temos de melhor. nossos potenciais e a própria essência. ali, naquele dado momento éramos conscientes do perigo de perder tudo isso no caminho, por isso decidimos seguir sem ela. a criança interior então é a grande guardiã do maior tesouro do mundo! quem resgata quem? o adulto cansado, cheio de padrões de comportamento que corre atrás do próprio rabo? claro que não! o que combinamos foi um encontro. o encontro de duas partes igualmente comprometidas, portanto, igualmente forte e resolvida. a criança fica a espera do momento de estarmos prontos para finalmente vivencia-la. pronto significa se comprometer com ela, como ela o fez há muito tempo atrás. estar disposto a ser os "bons-pais", aqueles que a parte que seguiu não teve, mas insiste em imitar. pronto para vê-la como ninguém nunca foi capaz. a ter por ela o verdadeiro amor incondicional, não aquele cheio de condições "se você for gay eu não te aceito. se você não for bem-sucedido também não. não te criei pra isso"! e assim por diante. essa criança não teve esses pais. ela espera por você pois confia, ama e é feliz. ninguém nunca a maltratou. ela não sofre! o que chamamos sofrimento é a saudade que sentimos dela. sofremos pois nos falta algo para continuar vivendo. um sentido, uma parte. nesse processo não precisamos ter pressa pois ela é a unica parte de nós que é comprometida. ela é paciente e espera enquanto perdemos tempo odiando o passado. mas não há como pular etapas nem muito menos existe uma pilula magica. para encontrar o caminho basta saber que existe aquilo que sentimos falta. essa também deve ser nossa meta.  e quando o dia do grande encontro chegar você vai compreender que ela nunca te esqueceu, nunca te abandonou e nunca duvidou de ti! esse talvez seja um dos dias mais felizes da sua vida.  e assim adiante...

4.4.12

prevendo o próprio futuro

falei da consciência de massa, de como somos previsíveis, que sentimos os mesmos medos, a mesma prisão-de-ventre criativa e assim por diante. mas previsíveis que somos podemos antever o futuro da massa. a falta de combustível nos impossibilitará de percorrer grandes distancias devido ao alto custo. passaremos então a consumir do mercadinho da esquina, a frequentar o restaurante do bairro e a trabalhar em casa. os home-offices serão obrigatórios. já deu pra sacar que o coeficiente de tédio da humanidade vai aumentar! papel moeda e moedas serão obsoletos. os anúncios de "não aceitamos cash" substituirão os adesivos das administradoras de cartões de credito nos estabelecimentos e assim por diante...
mas se olharmos para nós como indivíduos podemos prever nosso futuro também.
aquele sábio amigo meu diz que 85% das pessoas vivem a menos de 30 milhas de onde nasceram. na mesma cidade, com as mesmas pessoas... muitas vivem na casa onde nasceram ou seja, é bem fácil prever o futuro. o que acontece é que todos nós nos queixamos de tédio e esperamos secretamente que algo aconteça e transforme nossa vida por completo. ele diz que vivemos num túnel de probabilidades e não vivenciamos nossos potenciais. por isso somos presa fácil daqueles "capazes de ler o futuro". nos distraímos nesse túnel comprando um carro novo, um ipad, pensando que estamos mudando o destino. é impossível que uma grande mudança aconteça apenas por nos arriscarmos num produto novo do supermercado. que de novo nunca tem nada! e dá-lhe tédio! a vida então se passa entre promessas e frustrações, na ilusão que o desodorante realmente tenha 24 horas de ação.  Gurdjieff diz o mesmo de outra maneira.  para o ser sem consciência o mundo simplesmente acontece. a grande mentira é pensar que fazemos, quando simplesmente reagimos.
pois é, mas o "mago" prossegue e me pede para prever minha própria vida. ele diz, "comece pelo que fez ontem e veja o seu dia de hoje como resultado, da mesma forma será capaz de prever o amanhã". ele vai mais longe e me pede para prever um mês inteiro, um ano, cinco anos. foi assustador! ele diz que probabilidades são: acordar na mesma hora, vestir as mesmas roupas, dirigir para o mesmo lugar, comer as mesmas coisas... resultando num dia igual ao outro. diz ainda que por isso nos sentimos tão cansados e acordamos pensando na hora de dormir. mas diz também que sempre temos um responsável por tudo isso. que assim é mais fácil! mas toda essa conversa começou ao contrario, "você prefere estar no mesmo lugar, esperando as mesmas mudanças, vivendo os mesmos conflitos, daqui a um ano"? Nããão!!!!!

3.4.12

para além de pai e mãe

"honrar pai e mãe".
 sou filha de pastor como Reich e Nietzsche. como eles desde a infância me pareceu muito difícil honrar esse mandamento, assim como todos os outros nove. na verdade esse mais serviu como motivo de revolta. para nós três, acredito. meu pai além de pastor era alcoolista e imagino que os pais dos meus mestres também não serviram apenas à deus.
 esse mandamento é profundamente impresso no nosso Ser. só ele desencadeia uma serie de eventos na memoria e uma imensa sensação de culpa. também nos remete a um sentimento piegas de gratidão.
no meu trabalho como acompanhante daqueles que buscam a si mesmo, esse mandamento manda!
nos aventuramos numa longa jornada até encontrarmos os verdadeiros pais, aqueles que nos deram a vida e também nos fizeram sofrer. buscamos loucamente o momento em que seremos capazes de superá-los. mas acontece que quando chegamos frente a frente com eles sentimos uma especie de crise de panico. nos perguntamos "será que era isso mesmo o que eu procurava"? "serei mesmo capaz de desistir dessa dramática auto-biografia"? pois é, para além de pai e mãe existe a liberdade. ah! como é fácil pensar que a desejamos. é como um cara que vive a vida toda na segurança de ser assalariado imaginando na sua falsa potencia que faria melhor sendo o dono da porra-toda, mas que apenas ao se aproximar de seu sonho percebe quanta responsabilidade esse feito demanda. tudo eu! pois é... para honrar pai e mãe os mandamentos são bem diferentes:
dependa de pai e mãe; deles depende sua própria existência.
distancie-se de pai e mãe;  veja-os como o são.
viva independente de pai e mãe; experimente tudo o que aprendeu com eles fazendo do seu jeito. não se iluda pensando que o que eles te ensinaram foram aquelas lições cheias de moral. na maioria das vezes o que eles nos ensinaram é justamente o que eles não nos deram.
honre seu pai e sua mãe;  pois agora você está pronto para aceitar as próprias falhas. sem sair pelo mundo achando que será  "tudo pra alguém" ou que "alguém será tudo pra você".
seja pai e mãe; para si mesmo. hummm! e aí vai reclamar de quem?
ser responsável por si mesmo é ser regido por leis universais e não mais por necessidades infantis. é prover a si mesmo e ser consciente disso. o verdadeiro livre-arbítrio é criar o próprio destino sem repetir as mesmas experiencias da infância. realmente fazer diferente! só aquele que tiver como meta ser o senhor de si mesmo, está disposto a  honrar pai e mãe.






30.3.12

Mulher-Fêmea

venho trabalhando há algum tempo no tema do meu próprio feminino pois também estive ocupando outro lugar. há muito tempo encontrei conforto nos escritos de Clarissa Pinkola Estés que foi buscar nas raízes dos contos a origem dos arquétipos femininos mais fortes em nosso inconsciente. nessas leituras ficou claro pra mim que perdemos algo muito importante para nosso desenvolvimento como Ser. a ausência de ritos de passagem nos fez seguir aos trancos e barrancos pela vida agarrando o primeiro papel que aparecesse, como atrizes esfomeadas. hoje, nós mulheres não sabemos diferenciar personalidade de emoção, de hormônios. fica difícil perceber quando uma mudança realmente será permanente como algo na evolução pessoal, ou se é apenas uma mudança de temperamento. conhecemos esses fenômenos apenas na superfície e o chamamos de TPM. mas as impressões que tenho de mim mesma vão bem além disso; vão fundo naquele lago profundo onde residem os mistérios de ser mulher. um tempero ora azedo, ora amargo, ora doce, ora suave, ora picante... ser mulher é uma arte! como tal nunca alcança a perfeição pois é infinita. para amar ser mulher devemos aceitar cada aspecto desse gênero. a instabilidade, a inquietude, a criança, a velha, a mãe, a louca, a amiga, a que ama e odeia na mesma intensidade, o perigo e a sensatez. cada um desses aspectos exerce sua força particular por toda a nossa existência desde o nascimento. mas não aceitamos que somos tudo ao mesmo tempo!
diria então que TPM é o tempero próprio de mulher. não se resume apenas ao ciclo menstrual mas a todas as possibilidades que existem dentro de nós. amar a si mesma hoje leva tempo. primeiramente devemos reconhecer todos os aspectos de que somos feitas. amá-los um por um a medida que surgem na consciência. isso pode levar toda uma existência devido a falta dos rituais. não aprendemos a amar a criança que deixamos ao menstruar. não aprendemos a amar a adolescente inundada por sensações para depois amar a calmaria da jovem desposada. depois a mãe e a entrega a uma nova família, a avó, a velha e a sábia. se assim fosse, seria mais fácil lidar com os hormônios hoje. não existiriam frigidas, câncer de ovário nem de mama, menopausa precoce e assim por diante. compreenderíamos que justamente nos mil aspectos da mulher reside sua força e sua beleza. honraríamos nossos pais, maridos e filhos. compreenderíamos porque mexer com a  Mãe Natureza nos toca tanto...e assim infinitamente



26.3.12

vida após a paixão

... plagiando a Cher que diz "do you believe in life after love"? finalmente compreendi porque muitos poetas dizem que a paixão é uma especie de loucura. a paixão nos monta um cenário tão fantástico que parece até  real. nesse cenário atuamos com a alegria de finalmente termos encontrado algo que valha a pena viver. algo  que valha ser uma pessoa melhor. todos aqueles potenciais antes confinados à espera do "momento certo" aparecem por detrás das cortinas. toda a existência ganha um tom de drama com direito a veneno e tudo. ah! a angustia. o que seria da paixão sem esse veneno. a ressaca desse veneno é a ansiedade, mais conhecida como medo em baixa frequência. medo de perder a angustia pois se essa se for leva junto a paixão e todo o espetáculo perde o seu encanto. claro que a paixão é uma loucura! nela perdemos a identidade. tive muitas paixões e delas sai sempre sofrendo os efeitos colaterais. depressão, tédio, muito apetite, pouco apetite, ou seja, bem menos amor por mim mesma. se nessa época a Cher me fizesse aquela pergunta eu diria que a vida após a paixão deixa graves sequelas. mas hoje sei que ainda que me aventurasse por esses caminhos fantásticos o faria deixando pegadas que sinalizariam o caminho de volta a mim mesma. como numa viagem de LSD conduzida por Timothy Leary, veria todos os meus atributos elevados a altas frequências e ao retornar compreenderia, quão miserável seria a existência se abrisse mão deles. daí então valeria a pena essa experiencia pois dela sairia mais sexy, mais afetuosa, mais confiante...uma pessoa melhor pra mim mesma.
mas sinto pena daqueles que nunca retornam.

24.3.12

porque a morte não pode existir?

resolvi escrever sobre a morte pois ela faz parte da vida. resolvi escrever sobre a morte num esforço voluntario de incluí-la na minha vida. a morte está sempre presente mas nunca nos damos conta dela. talvez por não "darmos conta dela". percebo que não sabemos como encaixar na vida aqueles que já se foram, como se todas as experiencias vividas juntos tivessem que ser descartadas. é um grande sofrimento que demanda muito esforço, e dessa forma a morte se faz sempre presente. por isso resolvi homenageá-la aqui. homenageá-la pois ela é a unica certeza que temos desde o nascimento. pois é ela que nos dá a intensidade e o colorido necessários para existir. não há como lutar contra a morte pois ela é inevitável, assim como não lutamos contra a vida ao nascermos. dois fenômenos sublimes da existência. sublimes por serem os dois momentos onde estamos de total posse de si mesmo.espiritualizados! o que acontece entre esses dois pontos chamamos de experiencia. para todos e cada um nesse planeta o fenômeno é o mesmo. para você e pra mim, para o seu pai, seu cão, uma arvore e assim por diante. é uma lei ! como pode então, nos pegar de surpresa mesmo quando a esperamos? no movimento da vida pulsamos em busca de um contato com aquilo que nos preenche de sentido, com a alma. com o sentido entre os dois pontos. a morte nos dá essa oportunidade de reconexão. a mente o corpo e o espirito religam-se quando vivemos uma perda. tudo o que um dia existiu muda de forma, de cor, de sabor. a morte nos penetra nas entranhas e acessa todas as dimensões de nós mesmos num movimento involuntário de entrega. ela nos traz de volta aquela força perdida. nos expande e eleva a vida à um outro nível de existência. nos transforma. quando vivemos essa transformação percebemos que "todo o mundo" acontece bem aqui, não há esforço. nos libertamos. resolvi incluir a morte na minha vida pois ela, e apenas ela, me faz olhar para o outro e compreender, no sentido mais profundo da palavra, que todo e cada Ser é igual a mim.

21.3.12

sincronicidade na constelação

 hoje entrei no blog para ver se me inspirava e dei de cara com o titulo da ultima postagem. justamente o assunto abordado durante o final de semana inteiro num workshop sobre Constelações Familiares, com o grande mestre do assunto. compreendi muitas coisas no que diz respeito a "ocupar o lugar errado" e isso só foi possível porque vi com meus próprios olhos e senti na pele outras vezes, como sofremos com isso. o tema era o masculino e o feminino e porque não fluímos nesses papeis. Frank justificou essa dificuldade por sermos "as filhas do pai" e os homens "os filhos da mãe". a tradução nos rendeu boas risadas nesses dias. risadas nervosas eu diria, pois cada um ali se identificou com isso. funciona mais ou menos assim : quando ainda muito pequenos, num evento de separação ou quando o casamento não vai bem ou "etc", acabamos ocupando o lugar de um dos cônjuges e daí então as posições são trocadas. a menina que toma o lugar da mãe acaba como "a esposa do pai"  ou o homem "o marido da mãe". acontece que nesse lugar sempre ficamos sem um dos pais. toda a dinâmica natural da família é prejudicada. todos sofrem! os homens que ficam com as mães tornam-se femininos criando uma aversão "secreta" ao feminino. o mesmo acontece com as mulheres. então esses saem pra vida em busca de seus opostos. a fêmea masculinizada procura um homem feminino e vice-versa. e logo no inicio aparece a velha queixa "ele é meio frouxo" ou "essa mulher é um macho" e o relacionamento vai por água abaixo. também se identificou? então deve estar se perguntando o que fazer.  o caminho é o mesmo para todos. derrubar aquelas velhas crenças impressas no seu Ser de que para ser um bom homem você deve ser diferente do seu pai. aquela que sua mãe lhe passou e que vive bem forte dentro de ti "não seja como teu pai" e o mesmo para as mulheres que sacrificaram o próprio feminino em prol do "não posso acabar como ela". parece contraditório às minhas ideias anteriores, mas não é! um homem que queira superar o pai só o fará quando retornar à posição de homem. a mulher que acredita que pode ser feliz encontrará a felicidade apenas quando aceitar o seu feminino. "sem querer" ele respondeu a minha pergunta do ultimo post "os relacionamentos que têm grande chance de dar certo são aqueles onde as filhas-da-mãe encontram os filhos-do-pai" e aí então a woman be a woman and a man be a man.

www.frank-gallenmueller.de

14.3.12

when a woman be a woman

há algum tempo venho percebendo um desconforto da classe masculina hetero com relação a homossexualidade. "tenho medo de descobrir que sou gay" ou "será que as pessoas pensam que sou gay"? em sua maioria, pais de 30 a 50 anos que após a separação experimentam sua segunda "solteirice", quando não a terceira. tenho uma tese secreta ainda em avaliação, de que os homens são mais femininos enquanto entre eles, num grupo "homogênero". a presença de uma unica mulher já os coloca em outra posição. infelizmente hoje essa posição é de disputa por poder. esse campo de disputa antes era criado justamente nos grupos "homogêneros" e o descanso encontrado no colo do sexo oposto. 
 acontece que enquanto os observo sinto uma certa inveja do prazer que têm entre os seus semelhantes. estou falando de heteros! e confesso que me irrito, intrigada que fico, quando concluo que para nós mulheres sobrou apenas a reprodução. humm! que lugar conhecido. tantas voltas, desde os anos 20 para chegar até aqui? vivo dizendo para minhas clientes que devemos reconquistar o lugar do feminino. que estamos ocupando o lugar errado e deixando o nosso vago! meio feminista ao contrario. mas quando ainda o ocupávamos os homens podiam se maquiar, usar calças justas, roupas floridas e serem sexy. ninguém se questionava! todo mundo podia votar, usar calças and make the money ... todo o mundo fazia amor. eita porra! que bom que era essa igualdade!

e para não ficar no desamparo, hoje os homens estão experimentando esse lugar vago do feminino, meio assustados, entre eles, mas descobrindo a sensibilidade e o amor em si mesmos. cuidando dos filhos, da casa, ganhando a guarda dos filhos na justiça e assim por diante. as mulheres machistas que se cuidem! do jeito que andam as coisas os homens  ocuparão o lugar da mulher. e pior! farão ainda melhor.

 o que houve com o "when a woman be a woman and a man be a man..."?




9.3.12

O Homem Irracional

adorava dizer que devíamos aprender a viver em sociedade observando os animais e isso gerava enormes discussões com um namorado biólogo que tive há algum tempo atrás. adorava discussões! eu defendia a "tese" de que as chacinas, guerras e qualquer outra forma de destruição em massa nada mais são que a seleção natural. mas ele não era darwinista. nem eu! pelo menos não era assim que me intitulava. ele defendia que os humanos são superiores pois raciocinam, que estão além das leis da natureza. defendia também que eu era louca. você deve estar rindo pensando no seu colega de trabalho que justamente por não raciocinar, te dá tanto trabalho. e eu te digo, ele deve ser superior! mas era isso o que ele defendia e pronto. que as chacinas são uma questão cultural. o que dá na mesma. mas eu ainda penso que podemos tirar proveito do melhor de cada especie na questão "cultural". Gurdjieff  muito influenciado pela filosofia oriental, oriental que era, meio lá meio cá na Russia de sua época, percebeu que não existe especie nenhuma no planeta que se destrua mutuamente, na verdade ele dizia no Universo. claro que numa briga por uma fêmea ou território algum macho que não se submeta possa morrer pela "honra", mas se não morrer ele não volta lá com uma gang, hipnotizada por suas questões pessoais, para destruir toda uma especie.
na lei da natureza existem os predadores e tudo isso faz parte de um ecossistema que se auto-regula, inteligente que é. e nem raciocina! o homem acreditou não ter predadores e não se deu conta que o seu maior inimigo são suas próprias criações. as armas de fogo não foram criadas para matar leões, mesmo porque os leões nunca foram inimigos a altura de um "ser humano que raciocina".
mas onde será que esse ex-namorado viu tanta gente que raciocina? feliz ele e pobre de mim que só vejo gente que imita. imita os pais que imitaram os pais, que imitaram os pais e assim por diante. opa, diante não!
aquele sábio amigo sempre me diz, "vocês fazem sempre a mesma coisa esperando resultados diferentes. isso sim é loucura"! pobre de mim que desisti da biologia para estudar a parte irracional do animal que raciocina.

6.3.12

Ensaiando a vida

"a vida parece um ensaio", refleti enquanto esperava minha mesa num restaurante. foi numa hora em que a maioria dos seres ordinários almoçam. sou um ser que almoça as onze e meia. e lá estava eu sofrendo de fome, passado o meu horário ordinário, esperando para sentar, ser empurrada no buffet para depois encarar a imensa fila do caixa. tudo previsto! acontece que adoro ouvir as conversas dos outros e o faço de forma natural. posso estar conversando contigo aqui mas ouvindo a conversa ali e você nem vai perceber. há quem diga que isso é coisa de mulher. se é eu não sei! mas faço, e faço bem. até crio historias para cada personagem, tipo "ele gosta dela mas pensa que o amigo da baia ao lado é mais atraente que ele" ou "como essa vaca comprou aquela bolsa se o salario dela é igual ao meu? deve ter dado pro chefe", e por aí vai. confesso que tenho uma fantasia de um dia perguntar para as pessoas se minhas observações conferem. mas naquele dia, enquanto ouvia conversas de diversos grupos "diferentes" percebi que todos falavam de projetos. a palavra projeto é a ultima moda! se eu tivesse o carro tal... vou guardar dinheiro para ir não sei pra onde e vai ser maravilhoso... quando emagrecer vou usar aquele shortinho e aí... se o projeto da empresa for aprovado, imagina... meu projeto é...
todo mundo ensaiando os próximos passos. e enquanto nada acontece... nada acontece!
gastamos muita energia nesses projetos. tanta que até parece que a vida em algum momento será um grande espetáculo.
e se for, ta tudo no script.


29.2.12

lições da mãe natureza

na primavera muitos passarinhos procriam numa praça próximo a minha casa onde passeio com meus cães toda manhã. acontece que são tantos que alguns acabam fazendo seus ninhos no chão, embaixo dos arbustos. não sei a raça, nem sei se é raça que se diz, talvez seja sabiá? mas então, no inicio do verão eles fazem seus primeiros testes de voo e os que estão no chão voam bem baixinho tornando-se presa fácil para os cães e gatos da região. é comum nessa época encontrar filhotinhos mortos pelo chão.
não sei onde quero chegar com isso. mas acontece que numa dessas manhãs, lá estava papi com sua filhinha, num momento natureza bem tipico de pais separados, quando uma das minhas cadelas - a que não perdoa passarinhos pois eles comem sua comida enquanto cochila - abocanhou um desses novatos. claro que foi na frente da criança pois como todo bom cão de raça "cachorro mesmo" ela não poupa esforços para chamar atenção. havia algum tempo eu observava o comportamento desses passarinhos admirada com o desprendimento da natureza. "só os mais fortes sobrevivem" cabeça maluca a minha! e as passarinhas são ok com isso. elas sabem desse risco e que não há outro meio de viver como passarinho. acontece que o papi perdeu a oportunidade da boa lição e saiu gritando em minha direção "sua cadela é uma assassina"! eu não respondi pois não fui eu quem pegou o passarinho. mas ele continuou "mas essa cadela einh..."! pensei em explica-lo sobre as minhas observações mas logo desisti. ele tinha um conceito formado e já o estava passando à próxima geração, "o natural é inadequado" e assusta!
...minha ideia inicial para esse post era falar sobre o desejo e o sentimento de inadequação e não sei porque essa cena roubou a cena. mas agora ela me lembrou duma época que eu fazia cruzamentos de Nietzsche com Darwin. cabeça maluca a minha!
 "...toda exigência inspirada pelo instinto da vida é desprezada". enquanto Nietzsche lascava o pau na igreja em "bom-tom" Darwin o fazia com as "boas maneiras" dizendo que o instinto de solidariedade está presente em todas as especies com a função de preservação. não é exclusividade dos humanos, que como animais o transformaram num sentimento piegas, e como não o utilizamos na sua função essencial, é inadequado.


23.2.12

Consciência de massa

... não assisto TV, não leio jornal nem revistas, não uso o facebook, tampouco ouço rádio. meus amigos me chamam de alienada. antes fosse! infelizmente sei das mesmas coisas que todo mundo e nem fico entediada com frequência. indignados que ficam com minha "técnica de conhecimento" tratam logo de me por a par dos assuntos mais comentados por aí. porém muitas vezes acontece da mesma noticia me ter sido reportada antes pelo frentista do posto de gasolina, pelo manobrista do supermercado ou por um diretor de arte de alguma agencia de publicidade famosa. para minha frustração a opinião de todos é sempre a mesma. como se tudo sempre fosse um fato isolado, único, um grande acontecimento. antes fosse! ninguém abre mão da noticia mas não vejo nenhum esforço individual em perceber se aquilo realmente lhe interessa, lhe aterroriza ou lhe alegra. tudo vem prontinho e seguimos com medo da chuva, da economia e até dos germes e bactérias, os inimigos invisíveis! divirto-me quando vejo as propagandas de inseticidas para as mamães executivas protegerem seus filhinhos limpando a casa rapidinho com um produto bacaninha que as livra da culpa de não estarem presente na educação dos seus queridinhos. como pudemos sobreviver tanto tempo com esses inimigos a solta? sem falar nos laxantes que prometem até o marido ideal. do cocô para o homem dos sonhos em 30 segundos, genial! e vende.
 Isso é a força da consciência de massa e  não se resume apenas a mídia mas devemos concordar que ela oferece tudo o que a maioria está querendo no momento pois ainda é muito fácil prever a reação de todos. importante notar que não é a mídia que nos influencia mas nós que criamos todo o conteúdo dela. quando tivermos a consciência de si ela deixa de existir.
portanto sigo no meu esforço individual voluntario e percebo que cada vez mais as palavras "isso não importa" fazem sentido, e assim continuo aprendendo a escolher dentre todas as coisas apenas aquilo que me interessa no momento. confesso que a noticia é muito mais interessante "atrasada", quando a maioria já é capaz de rir dela. ou de si mesmo?

18.2.12

O que é consciência afinal

Vivo falando aqui sobre consciência e escolha consciente (bem mais fácil falar!), mas o que é consciência afinal? Vou pedir que Ouspensky nos explique.
"Na linguagem comum, a palavra "consciência" é quase sempre empregada como equivalente da palavra "inteligencia", no sentido de atividade mental."
"Na realidade, a consciência no homem é uma especie muito particular de "tomada de conhecimento interior" independente de sua atividade mental - é antes de tudo, uma tomada de conhecimento de si mesmo, conhecimento de quem ele é, de onde está e , a seguir, conhecimento do que sabe, do que não sabe, e assim por diante".
"... a consciência no homem jamais é permanente, ..."  "Ela está presente ou ausente. Os momentos de consciência mais elevados criam memoria. Os outros momentos, o homem simplesmente os esquece. É justamente isso que lhe dá, mais que qualquer outra coisa, a ilusão de consciência contínua ou de "percepção de si" contínua".*

* P.D.Ouspensky, Psicologia da Evolução Possível ao Homem. Editora Pensamento



15.2.12

zzzzzzzzzzzzz

...e falando de sono aquele sábio amigo me disse esse dias "você deve criar um espaço seguro pra si". vindo dele é óbvio que eu não esperava que fosse algo como um quarto branco, um bunker ou qualquer outro lugar físico. tampouco é o tipo dele fazer profecias especulatórias sobre acontecimentos catastróficos de qualquer ordem. "muitas pessoas não dormem ou se o fazem, acordam cansadas. elas não têm um lugar seguro para descansar e rejuvenescer" opa! ele disse rejuvenescer? minha atenção dobrou. Sempre irreverente ele continuou "dormir é diferente de sonhar". Então ele me explicou que os sonhos são (a maioria deles pelo menos), uma extensão do nosso dia-a-dia, que levamos os problemas não resolvidos para outra dimensão de nós mesmos em busca de solução, portanto a atividade mental continua. "apenas duas horas de sono profundo, ininterruptas, non-mental, são suficientes para o descanso do corpo" disse com uma convicção assustadora. "vocês não têm muitos lugares seguros na vida. onde quer que vá tem esses alarmes de segurança sempre ligados" pegou, falou e disse! e não parou por aí. Disse que nos privamos do sono pois num estado de cansaço nossas resistências enfraquecem nos permitindo alcançar conceitos mais sutis. coisas que a mente alerta não aceita.
"é uma questão de qualidade, não de quantidade".
Ele acredita que nossa mente criou toda essa historia de 8 horas ou mais de sono. e quantas vezes me privei de permanecer acordada produzindo para dormir só porque o relógio me disse que era tarde!
Quando deito para dormir passeio por todas as coisas que realizei no dia. percebo tudo o que fiz. me dou uma estrelinha e zzzzzzzzzzzzzz. Não trago o amanhã para o hoje a noite só pra me aborrecer.
Sobre o safe-space continuo outra hora...bom descanso!




8.2.12

um continuum

desejo pra mim uma vida fluida, um continuum de experiencias conscientes, sem highs and lows, uma vida sensual dessas onde a tristeza, a loucura, a alegria e o prazer tenham lugar. Degustar a vida mesmo! Desejo estar sempre pronta para os papéis que devo interpretar, os personagens que devo incorporar. É isso! a vida nos exige uma pitada de esquizofrenia, um esquizofrênico com ego, um ego flexível, multilayer.
Baixei a filmografia do Woody Allen, estou obcecada falo pra todo mundo. ah! como é boa essa nova era!
Mas o que mais me encanta nos seus filmes é que não importa o cenário, Paris, Londres, New York, nem os atores hypados. não importa! a protagonista é sempre a neurose. mesmo num cenário de guerra ele nunca enfatiza a pobreza ou a falta de recursos de qualquer ordem. Como um maestro ele passeia na vida como quem diz "na neurose somos livres" . Mas é realmente na neurose que nos diferenciamos. é genial! e a vida segue.
Como nos contos de fadas, nos originais não naqueles onde a bruxa tem o mesmo super-ego da princesa, mas nos que a estoria não termina, onde existe o mal pois assim é na vida, ele simplesmente retrata, meio reality, algo que pode estar acontecendo na vida de qualquer um. Como num continuum, não tem começo nem fim...
e por isso é uma delicia de ver.

7.2.12

onde aprendemos a viver

"sinto que não vivo no presente" ele diz meio filosofando.  "o presente é essa angustia que você está vivendo", afirmo. "mas todos os meus projetos..."  e lá vamos nós de volta para o futuro. "mas essa angustia é a razão de você não querer viver no presente",  reafirmo esforçando-me para não parecer o mestre dos magos. "mas então como faço?"ele pergunta irritado deixando claro que não era exatamente essa a visão de presente que venderam pra ele. "quem nos ensina que devemos aprender a viver sozinho"? perguntei a  mim mesma.
E digo mais! que no presente você está sempre sozinho, é um tédio e você é a unica pessoa que pode fazer algo para mudar isso.Ui! Dá muito trabalho viver no presente por isso o tempo todo nos entretemos passeando pelas experiencias passadas e futuras. Sim, experiencias futuras! Somos tão geniais que podemos viver apenas das imagens que criamos e mais ainda porque nelas não incluímos agustias nem aflições. Mas lá no presente, ou aqui? já me perdi, fica a soma das frustrações de toda essa criação. Quando a soma é um numero elevado ou nulo, - como já falei na minha teoria da inercia que acabo de roubar do Newton mas ele já morreu nem vai saber - nossa presença é exigida no presente para resolver. - hoje eu to irritante! -  E assim criamos mais um produto, "O Presente".
Pensadores como Gurdjieff, Ouspensky, Reich e Steiner criaram filosofias de vida e de educação que nos ensinam a olhar para nós mesmos como indivíduos, como o "tudo o que é". Diferente de olhar para um grupo e tentar  se descobrir. Em teoria funciona mais ou menos assim. Você pega um humano que vive em estado de sonolência, hipnose, amortecimento, ou qualquer outro termo que defina alguém de posse de quase nada de si mesmo. mas não sabe disso! Limpa toda a porcaria resultante de crenças religiosas, emocionais e ancestrais até que ele perceba que é um Ser Único. A partir daí esse já está ciente de suas angustias e das que não lhe pertencem. Depois está pronto para entender que sua existência é atemporal, que cada ser tem uma medida própria de tempo. e ele vai entender! Que a consciência de si aumenta em cada experiencia e quanto mais consciente mais presente ele será. Que suas experiencias também são atemporais pois delas ele é feito, não expiram nunca e podem ser acessadas sempre que necessário. Depois ele compreende que suas experiencias são feitas de escolhas e essas são feitas a partir do tudo o que é.
 Um longo caminho mas no final tem "O Presente" de presente. Um presente que tem passado e futuro acontecendo simultaneamente. A angustia de não pertencer desaparece pois só há um lugar de origem e destino, o próprio Ser.

1.2.12

é bom mas é um saco!

Há alguns anos atrás li num dos livros do Lobsang Rampa uma critica que ele fazia sobre o desejo de viajar e conhecer outros lugares. Algo do tipo "aquilo que nos chama atenção é sempre aquilo que estamos buscando internamente e pode ser encontrado logo alí".
 Já faz algum tempo que me dei conta que viajar realmente cansa e tudo depende mesmo é do nosso humor além de haverem viagens de diversos tipos, de negócios, de lua-de-mel, do tipo lonely planet, de turismo da terceira idade (tipo cruzeiro mesmo) e por aí vai. Já estive em paraísos naturais vivendo um inferno dentro de mim a ponto de pedir perdão pra deus por estar tão triste e confusa onde ele mais caprichou.
Mas lá estava eu na semana passada embarcando no navio negreiro (classe econômica) na fileira do meio, literalmente no meio, não sei se tem lugar pior! me preparando para cruzar um oceano quando percebi que meu vizinho aguardava ansioso a comissaria de bordo,
aéreo-velha como diria o outro, para pedir um copo d´água e engolir aquilo que ele dizia, o levaria à wonderland.  Brinquei com ele dizendo que então eu seria a enfermeira pois lá estava eu entre dois que se drogariam para enfrentar a viagem. Porra, vou ficar careta! O maluco do lado esquerdo tomaria um básico Rivotril, medicamento hoje receitado até por dentistas. O do lado direito estava munido de Stilnox e dois Diazepans, meu deus! finalmente conseguiu engolir as pilulas e ficamos esperando o efeito.Solidário que era, me ofereceu um dizendo que tinha "O plano B", caraca! Então começou a me contar a sua vida...aquele papo de avião, qual o seu destino? o que espera do seu destino? etc. Acontece que ele é fotografo e diretor de documentários e viaja o mundo todo. disse que sente "uma coisa" em aeroportos e aviões, ou seja, se droga bastante! acredito que esse cidadão seja incapaz de dormir naturalmente. A droga começou a bater e logo veio o arrependimento, balbuciando ele me dizia que dificilmente encontrava alguém interessante nos voos e se esforçava bastante para ficar acordado. Sua cabeça pendia para frente e eu solidaria empurrava para trás pela testa, então ele acordava e continuava a conversa.Chegou até a dizer que me compraria um presente pelos cuidados. Uma de suas perguntas embriagadas foi "qual o seu sonho?", não sei se veio de wonderland, ou de uma síntese daquelas que só um louco é capaz de fazer, para saber se nós realmente tínhamos algo em comum. Primeiramente respondi que não tinha nem um, não desse tipo casa própria, iates, champagne, dinheiro... ele dormiu... e eu na minha caretice tive tempo para pensar. Bum! Já sei qual é o meu sonho, nunca gostei desse lance de sonhos pois parece que fica sempre em outra dimensão, mas então descobri que tenho um desejo, e quando olhei pro lado ele havia partido novamente. Aproveitei então a situação para dizer meu desejo em voz alta, pra mim mesma e sei lá mais quem ... dizem que as pessoas em coma ouvem mas não importa, foi muito bom ter dito e a situação do meu vizinho me rendeu boas risadas.
De qualquer forma, viajar cansa pra caramba, não tem nenhum glamour viajar de econômica além do que, quanto mais velho ficamos menos as coisas nos impressionam. Sempre  digo que o melhor lugar do mundo é a minha casa. Adoro voltar pra ela, receber meus amigos nela, além de  tomar café-da-manhã com Gurdjieff, vinho com Woody Allen e assim por diante...













20.1.12

A Lei da Inércia

"Todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento retilíneo, a menos que seja forçado a mudar seu estado por forças à ele aplicadas".
Como psicoterapeuta e principalmente como ser humano, é impossível para mim não identificar a Lei da Inercia com a nossa famosa "depressão". Se consideramos um corpo não submetido à ação de forças ou, que a resultante dessas forças seja nula, concluímos que nesta condição esse corpo não sofre variação de velocidade.
Sendo assim, quando a pressão interna e a pressão externa são de mesma intensidade, estou num estado depressivo.
Mas toda essa Física de que fazemos parte, pois somos um corpo com massa, alguns até com mais massa do que gostariam, surgiu de um pensamento que compara ócio e inércia.
"A angustia dos acometidos pelo mal da inercia só pode compreender quem já a experimentou. Ócio é algo com que todo ser humano sonha. O mal da inercia, entretanto, fica longe da agradável sensação de descanso e paz que o ócio proporciona: quem por ele é acometido não consegue agir, por mais que se empenhe. Mente amortecida e visão embaçada, o enfermo debate-se na poça do próprio sangue. Está doente mas o corpo não apresenta alterações. Batendo a cabeça na parede, sem conseguir recuar ou progredir, preso num vácuo imobilizante, a pessoa sente-se perdida, duvida de si mesma, despreza-se, e por fim chora".*
 Na minha experiencia pessoal todas as fases de inercia foram seguidas de grandes mudanças. Por isso sou a favor da depressão, acho natural.
Sob o olhar da Física somos todos normais, tudo segue acontecendo com a Lei da Inercia, o Principio da Dinâmica e o Principio da Ação e Reação.
Ainda bem que Isaac Newton não parou por aí e percebeu que a partir da inércia.... tem sempre uma luz no fim do túnel!
E assim por diante...

*Yoshikawa, Eiji . Musashi


16.1.12

Fidelidade X Fragilidade

O tempo todo pensamos ser fortes, mas basta olhar para aquela relação de balanço sempre negativo, aquela que não conseguimos nos livrar, para entrarmos em contato com a impotência.
Tive um terapeuta que fazia colocações enigmáticas e sempre dizia, "ah, menina! o ser humano é muito frágil", isso me intrigava tanto que o apelidei de Mestre dos Magos.
Onde escondemos essa fragilidade?
Quando destilo essas relações complicadas, guiando-me até a origem delas, encontro ali um olhar de ternura, um voto de confiança ou até mesmo um gesto de carinho, algo que "colou" exatamente naquilo que me dava a sensação de faltar em mim, mas que o outro supriu. Em questão de segundos, esse simples ato, desencadeia um processo profundo e complexo que resulta na simples crença "isso só pode ser encontrado naquilo" ou melhor, "o que lhe falta só poderá ser preenchido por ele(a)". Essa formulinha é aplicada em nosso sistema e nos faz agir roboticamente fiéis a essa pessoa, instituição ou a qualquer outro tipo de vínculo complicado.
Fidelidade não é aquilo que juramos ao amigo quando bêbados, muito menos aquele juramento feito "na presença de deus", mas o resultado de um processo involuntário e inconsciente. Somos fiéis onde somos frágeis.
Somos fiéis mas não sabemos, frágeis e não sabemos. E pela inconsciência desses processos depositamos toda a nossa potencia no outro.
Sendo assim, penso que podemos fazer o contrário. Partir do principio que somos inteiros e perfeitos ...
e sermos fiéis a isso.




12.1.12

não há mais vagas!

Ontem, no estacionamento de um shopping de São Paulo, me peguei fazendo uma manobra radical para enfiar  meu carro numa das vagas. Ao sair me dei conta de que o carro estacionado perpendicular ao meu, não estava numa das vagas demarcadas. Na verdade o cidadão ou  cidadã, acredito eu, resolveu criar uma vaga para si no meio da via de circulação. A placa do veiculo dizia que a "dita cuja" era de Ribeirão Preto.
A "cidade que nunca pára" é um dos principais locais do mundo onde você precisa de mais tempo para fazer qualquer coisa. Se decidir ir ao bairro ao lado deve reservar pelo menos meia hora. Se resolver pegar a marginal, no minimo uma. Se quiser tomar uma gelada com seu amigo ao sair do trabalho, de happy-hour  em duas horas no transito muda para hell-hour e se chover, help-hour.
Aposto que em Ribeirão Preto não é assim, talvez por isso ela "não tinha tempo à perder" procurando vagas?!
Não há mais vagas! essa é a verdade... mas todos aqui querem ser VIP!
Eu fico aflita com esse crescimento vertical em bairros já espremidos. 
Aguento a ironia de um amigo de Belo Horizonte que "humildemente" brinca com a sigla BH como sendo Bervelly Hills, e diz "São Paulo é bom dimais sô, é recordista em transito. E num dia qualquer"! ele pode dizer isso pois tem duas horas de almoço e o faz, em casa.
Temos que rever urgentemente a nossa relação com o tempo. Deixar de criar falta de tempo para criar soluções... quem sabe mudar para Ribeirão Preto?
Como diria o sábio Simão "a cidade não pára porque não tem onde estacionar".







10.1.12

Quebra-cabeças

 Quem disse que a mente está só na cabeça?
Dr. Dan Siegel, um cientista neurobiologista americano muito ousado, percebeu que o termo "mente" não havia sido definido cientificamente, até então. Nem pelos filósofos da mente, nem pela psiquiatria, nem em lugar algum. A mente para ciência era reduzida apenas à atividade cerebral.
Ele a definiu então como "A mente é uma ação auto-organizadora, incorporada e relacional que regula o fluxo de energia e de informação". Ele não ousou apenas quando a define como "relacional" mas também por ter utilizado "energia" e "mente" na mesma sentença. O que ele quer provar cientificamente é que a mente não está restrita as fronteiras da pele. O que já é uma grande ofensa para os cientistas "cerebrais".
Gosto de pensar a mente como apenas um dos instrumentos que utilizamos para experimentar a vida. Isso eu aprendi com um grande amigo de muita experiencia e um generoso observador do comportamento humano que diz "as peças de um quebra-cabeças não precisam encaixar e formar uma unica e predeterminada figura. Ele pode ser do jeito que você quiser! Você deve ir além da mente". E diz mais "somos um corpo de consciência que utiliza energia para efetuar os processos".
Uma peça de cada vez e assim por diante...


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8.1.12

Eu, você, o tempo e o espaço

Quando existem muitas especulações sobre algo, prefiro me afastar e ficar com o que sinto. Observo primeiro o impacto que o assunto causa em mim e depois a reação dos outros ao meu redor.
Quando o assunto é 2.012 ... não preciso nem dizer o resto.
Minha sensação é que a intensidade da energia do planeta, e consequentemente de seus habitantes, está aumentando numa velocidade nunca antes vivenciada. Esse fenômeno tem gerado desconfortos físicos e mentais em todos nós. Mas de todas as teorias de "fim dos tempos" que já ouvi a que mais se encaixa com minha percepção é a  dos Maias (não aquela baboseira de fim do mundo, é claro!).
Os Maias tinham uma relação diferente com o tempo-espaço. Uma relação não-linear, na minha opinião. Eles o mensuravam pelo fluxo energético e não apenas pelo transito dos planetas.* Era como se os planetas do sistema fossem entregadores de energia. Eles mediam os potenciais através da quantidade de energia entregue, calculando o que seria possível fazer dela. Da mesma forma que sua astróloga faz todos os anos e te frustra, pois muito do que ela diz pode ou não acontecer. Depende de como você aproveita aquela energia.
 Os Maias observaram então uma tremenda "entrega" para 2.012. Tão grande a ponto de nós, atuais residentes, mudarmos a maneira de pensar e vivenciar o tempo-espaço. Como se mudássemos de plataforma de existência. Daí então vêm todas as especulações de "Fim dos tempos" e outras dimensões.
É fácil perceber essa mudança.
Hoje em dia, o tempo que leva para uma invenção ser disponibilizada para os "medíocres" é quase imediato, comparado a 30 anos atrás.(Vide nosso querido Steve Jobs que seria um bom candidato a profeta moderno). No skype com alguém da Austrália o tempo-espaço é o mesmo para ambos, apesar do calendário dele me dizer que ele está no dia seguinte.
Sendo assim, não é justo pensar que não há tempo para nada, que há muito à fazer e que apenas o relógio está acelerado. Somos parte de tudo isso. Somos os caras do futuro nas previsões de Nostradamus. É uma honra vivenciar tudo isso e um desperdício não aproveitar tanta novidade nos prendendo às velhas crenças.
Quanto mais energia, mais possibilidades, PARA TODOS!
Mas quem ousará inventar um novo calendário? Eu, você, a Apple ou a Microsoft?



*Nota da autora: repare que há uma infinidade de calendários vigentes hoje no planeta. Inclusive baseados no movimento de um único planeta, como o egípcio ou de planeta nenhum, como o calendário religioso islâmico. Lembre-se que antes do calendário atual já fazíamos uso de outras formas de organizar o tempo.

7.1.12

Muitas vidas em uma

Muitas vezes me pergunto se quero viver. Muitas, se quero morrer. Mas a resposta é não para ambas e isso me deixa em algum lugar no meio.
Isso não é depressão, longe disso (nem tudo é depressão!). Na verdade acredito ser uma condição que muitos de nós estamos experimentando nesses tempos. Não é culpa da tecnologia, nem da economia, mas talvez pouquíssimas pessoas, ainda, ousam se fazer essas perguntas. Isso demanda muita responsabilidade sobre si mesmo.
Mas hoje me dei conta que há alguns dias atrás resolvi viver. Finalmente pude imaginar minha vida fluindo e expandindo. Me vi desejando alcançar coisas e principalmente não criando restrições... e novamente a sensação "nasci de novo"!
Quantas vezes eu já renasci? Quantas vidas é possível viver numa só?
Não foi preciso passar por experiencias de quase-morte para renascer. Eu já o fiz muitas vezes sentada no sofá acariciando meu cão. Mas todas elas têm algo em comum, decidi me amar. Amar uma pequena parte de cada vez. Cada uma delas me expande, tudo muda!
Viver "no mundo" não é fácil. Mais fácil é viver "o mundo"... mas aí nos dissolvemos e quando olhamos para o chão não reconhecemos as pegadas. Ficamos apenas com um passado "sem escolhas" e um futuro "à consertar". Sem presente. Sem presença.
Essas duas perguntas nos permitem saber onde estamos. Talvez num "break", um intervalo para olharmos para as escolhas que nos trouxeram até aqui e as que nos levarão para o destino desejado.
Mas fica aqui a dica. Não faça movimento algum enquanto não souber onde quer ir. Não escolha nada apenas para fingir estar em movimento. Permita-se estar onde estás e muitas coisas virão ao seu encontro. Meio Taoista, mas é isso aí!
E assim é...





4.1.12

Chegou, mas e daí?

 Passado todo o frenesi ... o ano novo chegou mas já nos 3 primeiros dias aparece aquela velha depressão, a velha estoria das obras da casa nova que nunca terminam, a volta ao trabalho que não é o seu  preferido e até o velho medo de encarar novos projetos tão desejados.
Gosto de pensar na vida como algo não linear mas o tempo todo usamos o passado e o futuro para nos identificarmos.
Gosto de um pensamento do Calligaris que diz
"Parece que saímos de uma cultura em que o passado nos impedia de inventar o presente para entrar numa cultura em que o futuro nos impede de saborear o que estamos vivendo".*
Então, já que fazemos as resoluções de ano novo ainda no ano velho, no ano novo deveríamos fazer a lista das conquistas do ano anterior, assim quem sabe, aprendemos a degustar mais a vida no momento em que a  criamos. Se formos honestos perceberemos que os movimentos mais sutis foram os que nos levaram mais longe e daí então, todos aqueles planos mirabolantes de conquistas para o ano novo perdem o poder de nos afligir e angustiar.


 *(Trecho tirado do livro "Cartas a um jovem terapeuta" da editora Campus)