5.1.13

hasta la vista, Édipo!

  ano 1991. impressionada com os músculos de Sarah Connor do Exterminador do Futuro 2, o Juízo Final, disse, "é isso! quero ser como ela". foi um alivio, pois finalmente aos 17, havia  encontrado um modelo de mulher que se encaixava perfeitamente na dimensão da minha angustia. me tornei meu próprio treinador militar e logo estava forte e musculosa como ela. assim fui por muito tempo e o esporte se tornou uma nova compulsão, tão nociva como as outras que já havia experimentado.

 ano 2012, dias antes do fim dos tempos. alguma experiencia desencadeou na minha mente maluca uma serie de lembranças daquela garota, então resolvi assistir ao filme, o que me levou de volta para 1991.
essa que vos escreve passou por muitas experiencias desde então, inclusive a de se tornar psicoterapeuta. assim sendo, devo confessar que voltei ao passado para me analisar. para minha surpresa eu não havia me identificado apenas com aquela fêmea bélica que luta sozinha contra todos, mas com um aspecto de cada um. com o filho ameaçado de ser aniquilado e também com a maquina de matar, que não mata! como num combo edípico, circulei por todos os personagens para resultar numa identificação perfeita com Sarah.  até aqui eu ainda não tinha nem começado a ver o filme e o vovô Freud já atormentava minha cabeça com suas teorias.
  logo no começo do filme vem a frase do futuro - não me lembro que ano era, mas já não parece tão longínquo como antes - "the future is not set. there is no fate but what we made for ourselves" jesus christ, alleluia! se o meu futuro estivesse acertado naquele momento com certeza eu estaria num passado longínquo, exterminada da silva. 
depois aparece o exterminador peladinho, do jeitinho que viemos ao mundo, porém adulto e com um proposito bem programado. ele encontra o seu target,  e o garoto surpreso pergunta quem o enviou para salvá-lo. então ele responde, "você, 35 anos no futuro". dez minutos de filme e eu já tinha todos os ingredientes para processar no meu malucador-maluco.
 primeiro a surpresa com o tamanho do ódio que aquela garota sentia. depois a compreensão de que ele vinha do medo de ser aniquilada , tão grande que a fez construir uma armadura para a luta e ela mesma haveria de se tornar uma maquina de imitar sentimentos. e ainda, que aquela decisão definia o seu destino, tudo era muito sério e parecia eterno.

o mito de Édipo fala sobre destino. do destino inevitável entre pai e filho, o que se aplica igualmente as mães e filhas. a fase edípica tem inicio dos 3 pra 4 anos e segue pela vida se reeditando cada vez que nos encontramos em tríades que nos remetem a origem papai, mamãe e filhinho.  me arrisco a dizer que cada vez que nos vemos em situações onde um homem e uma mulher são figuras de autoridade, esse conflito é desencadeado (aquilo que seu terapeuta chama de padrão). mas é na adolescência sua principal reedição, quando devemos definir o modelo a seguir. o dia do juízo final! ninguém está livre da predição e seguimos matando nossas figuras de identificação ou o mundo todo, no meu caso.

back in 2012.  respiro aliviada, pois  21 anos no futuro pude dizer para aquela garota bélica que não havia nenhum destino acertado naquele momento. eu não fui aniquilada e, por pouco, não virei maquina. nós sobrevivemos!
 ... apesar desse futuro estar cheio de maquinas que imitam sentimentos.
I'll be back.





Nenhum comentário:

Postar um comentário