20.1.12

A Lei da Inércia

"Todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento retilíneo, a menos que seja forçado a mudar seu estado por forças à ele aplicadas".
Como psicoterapeuta e principalmente como ser humano, é impossível para mim não identificar a Lei da Inercia com a nossa famosa "depressão". Se consideramos um corpo não submetido à ação de forças ou, que a resultante dessas forças seja nula, concluímos que nesta condição esse corpo não sofre variação de velocidade.
Sendo assim, quando a pressão interna e a pressão externa são de mesma intensidade, estou num estado depressivo.
Mas toda essa Física de que fazemos parte, pois somos um corpo com massa, alguns até com mais massa do que gostariam, surgiu de um pensamento que compara ócio e inércia.
"A angustia dos acometidos pelo mal da inercia só pode compreender quem já a experimentou. Ócio é algo com que todo ser humano sonha. O mal da inercia, entretanto, fica longe da agradável sensação de descanso e paz que o ócio proporciona: quem por ele é acometido não consegue agir, por mais que se empenhe. Mente amortecida e visão embaçada, o enfermo debate-se na poça do próprio sangue. Está doente mas o corpo não apresenta alterações. Batendo a cabeça na parede, sem conseguir recuar ou progredir, preso num vácuo imobilizante, a pessoa sente-se perdida, duvida de si mesma, despreza-se, e por fim chora".*
 Na minha experiencia pessoal todas as fases de inercia foram seguidas de grandes mudanças. Por isso sou a favor da depressão, acho natural.
Sob o olhar da Física somos todos normais, tudo segue acontecendo com a Lei da Inercia, o Principio da Dinâmica e o Principio da Ação e Reação.
Ainda bem que Isaac Newton não parou por aí e percebeu que a partir da inércia.... tem sempre uma luz no fim do túnel!
E assim por diante...

*Yoshikawa, Eiji . Musashi


16.1.12

Fidelidade X Fragilidade

O tempo todo pensamos ser fortes, mas basta olhar para aquela relação de balanço sempre negativo, aquela que não conseguimos nos livrar, para entrarmos em contato com a impotência.
Tive um terapeuta que fazia colocações enigmáticas e sempre dizia, "ah, menina! o ser humano é muito frágil", isso me intrigava tanto que o apelidei de Mestre dos Magos.
Onde escondemos essa fragilidade?
Quando destilo essas relações complicadas, guiando-me até a origem delas, encontro ali um olhar de ternura, um voto de confiança ou até mesmo um gesto de carinho, algo que "colou" exatamente naquilo que me dava a sensação de faltar em mim, mas que o outro supriu. Em questão de segundos, esse simples ato, desencadeia um processo profundo e complexo que resulta na simples crença "isso só pode ser encontrado naquilo" ou melhor, "o que lhe falta só poderá ser preenchido por ele(a)". Essa formulinha é aplicada em nosso sistema e nos faz agir roboticamente fiéis a essa pessoa, instituição ou a qualquer outro tipo de vínculo complicado.
Fidelidade não é aquilo que juramos ao amigo quando bêbados, muito menos aquele juramento feito "na presença de deus", mas o resultado de um processo involuntário e inconsciente. Somos fiéis onde somos frágeis.
Somos fiéis mas não sabemos, frágeis e não sabemos. E pela inconsciência desses processos depositamos toda a nossa potencia no outro.
Sendo assim, penso que podemos fazer o contrário. Partir do principio que somos inteiros e perfeitos ...
e sermos fiéis a isso.




12.1.12

não há mais vagas!

Ontem, no estacionamento de um shopping de São Paulo, me peguei fazendo uma manobra radical para enfiar  meu carro numa das vagas. Ao sair me dei conta de que o carro estacionado perpendicular ao meu, não estava numa das vagas demarcadas. Na verdade o cidadão ou  cidadã, acredito eu, resolveu criar uma vaga para si no meio da via de circulação. A placa do veiculo dizia que a "dita cuja" era de Ribeirão Preto.
A "cidade que nunca pára" é um dos principais locais do mundo onde você precisa de mais tempo para fazer qualquer coisa. Se decidir ir ao bairro ao lado deve reservar pelo menos meia hora. Se resolver pegar a marginal, no minimo uma. Se quiser tomar uma gelada com seu amigo ao sair do trabalho, de happy-hour  em duas horas no transito muda para hell-hour e se chover, help-hour.
Aposto que em Ribeirão Preto não é assim, talvez por isso ela "não tinha tempo à perder" procurando vagas?!
Não há mais vagas! essa é a verdade... mas todos aqui querem ser VIP!
Eu fico aflita com esse crescimento vertical em bairros já espremidos. 
Aguento a ironia de um amigo de Belo Horizonte que "humildemente" brinca com a sigla BH como sendo Bervelly Hills, e diz "São Paulo é bom dimais sô, é recordista em transito. E num dia qualquer"! ele pode dizer isso pois tem duas horas de almoço e o faz, em casa.
Temos que rever urgentemente a nossa relação com o tempo. Deixar de criar falta de tempo para criar soluções... quem sabe mudar para Ribeirão Preto?
Como diria o sábio Simão "a cidade não pára porque não tem onde estacionar".







10.1.12

Quebra-cabeças

 Quem disse que a mente está só na cabeça?
Dr. Dan Siegel, um cientista neurobiologista americano muito ousado, percebeu que o termo "mente" não havia sido definido cientificamente, até então. Nem pelos filósofos da mente, nem pela psiquiatria, nem em lugar algum. A mente para ciência era reduzida apenas à atividade cerebral.
Ele a definiu então como "A mente é uma ação auto-organizadora, incorporada e relacional que regula o fluxo de energia e de informação". Ele não ousou apenas quando a define como "relacional" mas também por ter utilizado "energia" e "mente" na mesma sentença. O que ele quer provar cientificamente é que a mente não está restrita as fronteiras da pele. O que já é uma grande ofensa para os cientistas "cerebrais".
Gosto de pensar a mente como apenas um dos instrumentos que utilizamos para experimentar a vida. Isso eu aprendi com um grande amigo de muita experiencia e um generoso observador do comportamento humano que diz "as peças de um quebra-cabeças não precisam encaixar e formar uma unica e predeterminada figura. Ele pode ser do jeito que você quiser! Você deve ir além da mente". E diz mais "somos um corpo de consciência que utiliza energia para efetuar os processos".
Uma peça de cada vez e assim por diante...


www.drdansiegel.com


8.1.12

Eu, você, o tempo e o espaço

Quando existem muitas especulações sobre algo, prefiro me afastar e ficar com o que sinto. Observo primeiro o impacto que o assunto causa em mim e depois a reação dos outros ao meu redor.
Quando o assunto é 2.012 ... não preciso nem dizer o resto.
Minha sensação é que a intensidade da energia do planeta, e consequentemente de seus habitantes, está aumentando numa velocidade nunca antes vivenciada. Esse fenômeno tem gerado desconfortos físicos e mentais em todos nós. Mas de todas as teorias de "fim dos tempos" que já ouvi a que mais se encaixa com minha percepção é a  dos Maias (não aquela baboseira de fim do mundo, é claro!).
Os Maias tinham uma relação diferente com o tempo-espaço. Uma relação não-linear, na minha opinião. Eles o mensuravam pelo fluxo energético e não apenas pelo transito dos planetas.* Era como se os planetas do sistema fossem entregadores de energia. Eles mediam os potenciais através da quantidade de energia entregue, calculando o que seria possível fazer dela. Da mesma forma que sua astróloga faz todos os anos e te frustra, pois muito do que ela diz pode ou não acontecer. Depende de como você aproveita aquela energia.
 Os Maias observaram então uma tremenda "entrega" para 2.012. Tão grande a ponto de nós, atuais residentes, mudarmos a maneira de pensar e vivenciar o tempo-espaço. Como se mudássemos de plataforma de existência. Daí então vêm todas as especulações de "Fim dos tempos" e outras dimensões.
É fácil perceber essa mudança.
Hoje em dia, o tempo que leva para uma invenção ser disponibilizada para os "medíocres" é quase imediato, comparado a 30 anos atrás.(Vide nosso querido Steve Jobs que seria um bom candidato a profeta moderno). No skype com alguém da Austrália o tempo-espaço é o mesmo para ambos, apesar do calendário dele me dizer que ele está no dia seguinte.
Sendo assim, não é justo pensar que não há tempo para nada, que há muito à fazer e que apenas o relógio está acelerado. Somos parte de tudo isso. Somos os caras do futuro nas previsões de Nostradamus. É uma honra vivenciar tudo isso e um desperdício não aproveitar tanta novidade nos prendendo às velhas crenças.
Quanto mais energia, mais possibilidades, PARA TODOS!
Mas quem ousará inventar um novo calendário? Eu, você, a Apple ou a Microsoft?



*Nota da autora: repare que há uma infinidade de calendários vigentes hoje no planeta. Inclusive baseados no movimento de um único planeta, como o egípcio ou de planeta nenhum, como o calendário religioso islâmico. Lembre-se que antes do calendário atual já fazíamos uso de outras formas de organizar o tempo.

7.1.12

Muitas vidas em uma

Muitas vezes me pergunto se quero viver. Muitas, se quero morrer. Mas a resposta é não para ambas e isso me deixa em algum lugar no meio.
Isso não é depressão, longe disso (nem tudo é depressão!). Na verdade acredito ser uma condição que muitos de nós estamos experimentando nesses tempos. Não é culpa da tecnologia, nem da economia, mas talvez pouquíssimas pessoas, ainda, ousam se fazer essas perguntas. Isso demanda muita responsabilidade sobre si mesmo.
Mas hoje me dei conta que há alguns dias atrás resolvi viver. Finalmente pude imaginar minha vida fluindo e expandindo. Me vi desejando alcançar coisas e principalmente não criando restrições... e novamente a sensação "nasci de novo"!
Quantas vezes eu já renasci? Quantas vidas é possível viver numa só?
Não foi preciso passar por experiencias de quase-morte para renascer. Eu já o fiz muitas vezes sentada no sofá acariciando meu cão. Mas todas elas têm algo em comum, decidi me amar. Amar uma pequena parte de cada vez. Cada uma delas me expande, tudo muda!
Viver "no mundo" não é fácil. Mais fácil é viver "o mundo"... mas aí nos dissolvemos e quando olhamos para o chão não reconhecemos as pegadas. Ficamos apenas com um passado "sem escolhas" e um futuro "à consertar". Sem presente. Sem presença.
Essas duas perguntas nos permitem saber onde estamos. Talvez num "break", um intervalo para olharmos para as escolhas que nos trouxeram até aqui e as que nos levarão para o destino desejado.
Mas fica aqui a dica. Não faça movimento algum enquanto não souber onde quer ir. Não escolha nada apenas para fingir estar em movimento. Permita-se estar onde estás e muitas coisas virão ao seu encontro. Meio Taoista, mas é isso aí!
E assim é...





4.1.12

Chegou, mas e daí?

 Passado todo o frenesi ... o ano novo chegou mas já nos 3 primeiros dias aparece aquela velha depressão, a velha estoria das obras da casa nova que nunca terminam, a volta ao trabalho que não é o seu  preferido e até o velho medo de encarar novos projetos tão desejados.
Gosto de pensar na vida como algo não linear mas o tempo todo usamos o passado e o futuro para nos identificarmos.
Gosto de um pensamento do Calligaris que diz
"Parece que saímos de uma cultura em que o passado nos impedia de inventar o presente para entrar numa cultura em que o futuro nos impede de saborear o que estamos vivendo".*
Então, já que fazemos as resoluções de ano novo ainda no ano velho, no ano novo deveríamos fazer a lista das conquistas do ano anterior, assim quem sabe, aprendemos a degustar mais a vida no momento em que a  criamos. Se formos honestos perceberemos que os movimentos mais sutis foram os que nos levaram mais longe e daí então, todos aqueles planos mirabolantes de conquistas para o ano novo perdem o poder de nos afligir e angustiar.


 *(Trecho tirado do livro "Cartas a um jovem terapeuta" da editora Campus)