4.5.12

linhas cruzadas

visitei meu próprio blog muitas vezes essa semana intentando escrever, e nada. "as ideias não conjuminavam", como diria o outro. mas uma conversa ao celular daqui, outra no skype dali,  eis que surgiu um cruzamento de linha.
"a cabeça vai bem mas o corpo..." diz ela respondendo àquela velha pergunta de bom-tom que inicia todas as conversas ordinárias, ainda no escritório atormentada por seus relatórios, me mostrando através da câmera uma garrafa de vinho a 1/4 de ser reciclada, tentando me fazer inveja. corta. 

 "eu também estou entediada. agora mesmo estava arrumando briga no facebook" respondeu a outra ao telefone. "passei por uma onda de trabalho tão grande esses últimos dois meses e agora não sei o que fazer"! e completa, "acho que sou workaholic"! confessando-me o que disse, aos prantos, para o terapeuta. corta.

"ta tudo bem, mas acho que estou cansada. estou indo para um evento fora da cidade, hoje tenho um jantar não sei onde com não sei quem, amanhã almoço não sei onde... e domingo tenho que jantar com minha mãe (em outra cidade). acho que estou sentindo saudades da minha casa"? disse a terceira ao telefone. corta.

volta a cena pra essa que vos escreve, que de tudo isso constata, não sabemos descansar! 
me remeteu a mãe suficientemente boa do Winnicott. aquela que percebe que o filho quando irritado, perturbado e agressivo, apenas precisa de descanso. aquele soninho da tarde ou a hora de encerrar o dia, com a garantia amorosa de acordar para um outro. as vezes até a saudade da própria casa, devido a uma eventualidade do mundo adulto. essa mãe nos serve, no inicio, para nomear as sensações e emoções além de direciona-las de forma que essa energia seja poupada para o dia seguinte com a famosa sentença, "agora chega! amanhã você brinca mais".
 todas essas funções são aprendidas, não são inatas como as instintivas. quando crianças entendemos que dormir é perder tudo! 
 para nós hoje, o descanso deve ser merecido. para merece-lo entendemos que devemos passar por grandes períodos de desgaste físico e emocional, ou seja, descansamos apenas num estado de esgotamento. mas percebi outra  coisa dessa conversa entre quatro amigas, que temos algo em comum. hoje não temos exatamente um "problema" mas esse "espaço do descanso não-merecido" pode muito bem ser ocupado por novas questões, descabidas é claro! apenas para preencher. e o "espaço vazio" também é outra angustia que devemos aprender a lidar... mas isso fica pra outra hora. 
vou descansar agora, e o farei muito grata por essas três amigas.
boa noite! a la Cid Moreira






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