23.5.12

suicidal tendencies

- ce acha que eu preciso de terapia?
- demorô!
- essa semana quase me joguei da ponte JK.
- faz assim, se a terapia não der certo, eu te empurro!
desde o dia que ouvi esse dialogo tragicômico deu-se inicio uma serie de eventos de mesma natureza, como é comum na minha existência. nesse caso, da natureza do suicídio. ao contrario do que se possa imaginar não foi no consultório, mas acontece que esses eventos em serie me despertam para algo que pode estar acontecendo em vários universos particulares. como é de minha natureza juntar alhos com bugalhos vou tentar descrever aqui a serie de eventos que ocorreram na minha mente maluca, que busca sempre um porque pra tudo.
costumo sempre dizer "o que há de errado com o mediano"? cada um com seu conceito mas confesse, o conceito de uma vida plena não tem nada de mediano. poucos são os que vivem sem a sensação de ser especial e a fantasia de algum dia ser reconhecido por grandes feitos. se não for isso, então não vale a pena viver! mas na minha experiencia percebi que a intensidade que buscamos no futuro é justamente aquela que projetamos no passado. sim, projetada no passado! porque dificilmente podemos nos imaginar grandes e poderosos sem aquelas imagens sofridas de abandono, rejeição, abuso e negligencia do passado. acontece que essas imagens foram intensificadas na época, e o são até hoje, para que não desistíssemos de viver ou, de pelo menos tentar. acontece que quando adultos percebemos que a existência não é tão intensa como nos contos pessoais. daí seguimos reeditando-os, com toda a criatividade que acreditamos não ter, até a exaustão. até que não faça mais sentido. quando o cabra está pronto para desistir, encontra o meio, o mediano, o ordinário, o medíocre. a vida sem a potencia fantástica e principalmente sem a recompensa por anos de sofrimento. esse cabra tem a clareza que o futuro não reserva nada daquilo que imaginava pra si. o cabra não tem escolha se não "desintensificar" seu passado. abrir mão daquela autobiografia de dor que o faz tão especial, e aceitar que é mediano. num processo terapêutico isso se dá no inicio com a imagem dos pais, quando esses são super-poderosos e sagrados. no suicídio o individuo está em contato direto com a própria verdade. entendo então que esse evento o coloca de frente para si mesmo, com aquilo que sempre tentou entender e que nesse momento, faz todo o sentido. é a plenitude em si! então ele pode decidir , viver o alivio de uma existência comum ou abrir mão da oportunidade de escrever uma  nova autobiografia... de escolhas.

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